A defesa dos controladores aéreos envolvidos no acidente com o voo 1907 da Gol apontou nesta quarta-feira a existência de documentos que comprovariam o conhecimento da Aeronáutica sobre fragilidades do tráfego aéreo uma década antes do acidente.
O documento foi apresentado durante audiência para recolher depoimentos no processo que apura as responsabilidades sobre o acidente, ocorrido em 2006.
De acordo com o advogado Roberto Sobral, se corrigidas, as fragilidades apontadas poderiam ter evitado o acidente.
O principal documento apontado por Sobral é o relato confidencial de um treinamento simulado que teria sido feito após um incidente de 1996 envolvendo o então presidente Fernando Henrique Cardoso.
Naquele ano, o avião da FAB (Força Aérea Brasileira) que transportava o então presidente chegou a uma distância bem menor que a recomendada de uma aeronave da TAM. O incidente foi, à época, considerado "muito grave" pelo governo.
O treinamento simulado, datado de poucos dias após o incidente, cria a situação de choque entre duas aeronaves --uma transportando o presidente da República--, com a consequente morte de todos os tripulantes.
"Premonitoriamente foram apontadas falhas em 1996 que voltaram a acontecer em 2006", afirmou Sobral.
O advogado apresentou o documento ao brigadeiro Jorge Kersul Filho, chefe do Cenipa (Centro de Investigações e Prevenção de Acidentes da Aeronáutica) à época do acidente, que foi ouvido hoje pela Justiça Federal.
O brigadeiro disse que não conhecia o documento, mas ressaltou que tem tranquilidade para dizer que todas as providências foram tomadas à época.