12 de março de 2012

O casal de sargentos gays, seu aliado improvável e a denúncia contra o comandante do Exército

Venho adiando a abordagem de um assunto que tem circulado em alguns sites periféricos, sem maior destaque na grande mídia até o momento.
Trata-se da campanha movida pelo ex-sargento Fernando Alcântara, companheiro de Lacy Araújo e grupos ativistas gays contra oficiais do alto escalão do Exército, especificamente, o general Adhemar da Costa Machado Filho e, mais recentemente, o comandante da Força, general Enzo Peri.
Abre parênteses: Antes que a patrulha apareça por aqui, meu pensamento sobre a questão está expresso neste texto de dois anos atrás: HOMOSSEXUALISMO NAS FORÇAS ARMADAS.Fecha parênteses.
Voltando: vocês lembram, o casal alcançou notoriedade ao assumir a homossexualidade na capa da revista Época, em junho de 2008. Na sequência, a dupla foi presa após uma entrevista ao programa Superpop, na rede TV, quando a polícia do Exército entrou no prédio em ação transmitida ao vivo. De lá para cá, Alcântara deu baixa do Exército, escreveu um livro, fundou uma associação e candidatou-se, sem sucesso, à deputado federal nas últimas eleições. Já Lacy, após muitas idas e vindas, está em vias de ser reformado por incapacidade definitiva para o serviço ativo.
O movimento ganhou, recentemente, a adesão do subtenente Davi Reis Vieira de Azevedo, acusado em 2006 de irregularidades na compra de medicamentos para o Hospital Geral de Brasília. O acusador foi ninguém mais, ninguém menos, que seu então colega e hoje aliado, Fernando Alcântara, através de uma denúncia anônima, segundo o site Congresso em Foco.
Por meio de gravações não autorizadas, Davi buscou ‘penas’ para jogar no ventilador. Na primeira delas, mirou no cravo, acertou na ferradura.
Confira o áudio aqui.
Como não obteve nada em seu favor na longa conversa gravada com o general Adhemar, em dezembro de 2006 (bem antes da entrevista de Fernando e Lacy à Época, portanto), o que fez Reis? Ao invés de encaminhar a gravação ao Ministério Público, validando-a como prova, guardou-a por mais de cinco anos, entregando-a então para seu antigo denunciante, Fernando Alcântara.
O agora ativista do movimento gay repassou a gravação para o jornalista Roberto Cabrini, que pinçou dela um pequeno trecho que ganhou destaque no SBT. Nele, o general refere-se ao casal Fernando/Lacy como (sic) “um viado, o outro é o que come o viado”. O movimento gay considerou a fala do general homofóbica e Fernando passou a usar a gravação para tentar provar suposta perseguição que a dupla teria sofrido por parte de Adhemar. Devo lembrar que a conversa foi privada e esse (atenção: não estou concordando com ele!) linguajar chulo é corriqueiro, não apenas entre militares.
Da fala do general, a mim preocupa muito mais a manifestação de sua disposição em transferir os dois para o Rio de Janeiro, “para morar na favela”, verbalizando uma prática tão antiga quanto nefasta no Exército, de ‘premiar’ com indigestas transferências os militares que causam problemas (na visão do comando) que não podem ser alcançados pelo RDE. Nefasta por que, além de atingir o militar, na maioria das vezes transforma a vida de sua família num inferno. Se este é o objetivo ou não, pouco importa. Os estragos ocorrem da mesma forma. Mas fugi do assunto. Retornemos.
Essa não foi a única gravação feita por Reis. Após ser transferido para o Batalhão de Polícia do Exército, o subtenente apresentou-se como integrante do gabinete do Comandante do Exército a Leonardo Carvalho Aguiar, gerente de relacionamento do Centro Brasileiro de Visão (CBV). Seu objetivo era comprovar que a empresa teria presenteado o general Enzo com lentes que custam três mil reais. Na conversa, Leonardo admite o fato. O interesse, segundo o site Congresso em Foco, seria a renovação de convênio da empresa com o FUSEx (Fundo de Saúde do Exército).

Ouça o áudio da conversa entre Reis e Leonardo:
 
O subtenente foi responsabilizado por um Conselho de Disciplina em 02 de fevereiro, enquadrado em diversos itens do Código Penal Militar, por procedimentos eticamente incompatíveis com a condição de profissional militar.
Daí a divulgar a gravação que fez com o gerente da CBV foi um passo. E lá foi o trio para a mídia novamente, desta vez com o comandante do Exército como alvo.
Ao Ministério Público Federal, o Exército comprovou que as lentes foram pagas de acordo com os convênios firmados. A procuradora Raquel Branquinho considerou as acusações infundadas e sem comprovação.
Mesmo assim, a gravação ganhou ares de denúncia no site Congresso em Foco, que abriu mão da isenção jornalística para assumir a versão de Fernando, segundo o qual a denúncia teria sido apurada pelo próprio comando do Exército.
Não duvido, por um segundo que seja, que inicialmente tenha havido excesso na condução do caso de Lacy e Alcântara, o que os pressionou a dar publicidade ao seu relacionamento. Em situações como essa, muitas vezes as decisões são tomadas primeiro e depois se ajustam os trâmites burocráticos e disciplinares. Não por acaso, a troca de folhas de boletins internos é uma prática consagrada da rotina castrense.
Mas o foco aqui é outro: o trio evidentemente usa a mídia para atingir objetivos inconfessos. Reis, envolvido em vários processos que podem levar à sua exclusão do Exército, tenta posar como perseguido, angariando a simpatia de parte da mídia e do público gay. Em último caso, lhe restará o bordão do Tavares (para os mais jovens, um inesquecível personagem de Chico Anísio): “sou, mas quem não é?”
Fernando e Lacy, por seu lado, apesar de continuarem morando no PNR em Brasília, dizem, sem corar, que pretendem asilar-se no exterior, com medo de serem mortos. É sério! “Não acreditamos em nada mais que venha do Exército”, afirmam. Nesse caso, devolver os vencimentos é um dever!
A Nação agradece.

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