Quase um ano após o terremoto que devastou o país, o Haiti é novamente vítima, dessa vez, de uma epidemia de cólera que atingiu, principalmente, a região norte do país. Segundo informações do Ministério da Saúde, divulgadas nesta quarta-feira (17), 1.039 já morreram devido à doença e mais de 17 mil pessoas estão hospitalizadas devido à contaminação da doença.
Com um cenário desfavorável, o país ainda em reconstrução e a duas semanas da eleição que vai escolher o novo presidente do Haiti, o coronel Maurício Cruz, integrante das tropas brasileiras que participam da missão de paz da ONU no Haiti (Minustah), criticou o uso político da situação.
Essas manifestações têm motivação política. E aqui o Haiti isso é histórico quando se aproximam as eleições. A Minustah está fazendo o possível para ajudar o país. Aos olhos da oposição ao governo atual, estamos na verdade ajudando o governo atual”, disse Cruz, que também é assessor de comunicação das tropas brasileiras, por telefone ao UOL Notícias.Segundo o coronel, adversários políticos do atual governo estão alimentando uma campanha de difamação contra a Minustah para atingir o candidato da situação.
Revoltados com as suspeitas de que a epidemia possa ter começado em tropas do Nepal que atuam nas forças de paz no Haiti, alguns manifestantes partiram para o ataque aos militares da ONU – 12 mil no total - e houve os confrontos.
“As manifestações contra a ONU, a gente já percebeu que não é algo que surge da população, mas é orquestrado”, diz Cruz. “A gente percebe que há o interesse de se fazer uma propaganda negativa da Minustah agora, porque estamos próximos das eleições, e há uma associação entre a Minustah e o governo atual”, completa ele.
Duas cidades haitianas registraram distúrbios contra as tropas da Organização das Nações Unidas (ONU) e uma pessoa morreu. As forças estrangeiras e a polícia local se preparam para mais incidentes.
A capital, Porto Príncipe, permanece calma, mas a ONU enviou reforços para Cap-Haitien, no norte, segunda maior cidade do país e principal foco da atual onda de violência.
Cruz acredita que a situação será estabilizada logo, pois “a probabilidade de uma epidemia atingir outros países com melhor condição econômica e social” é pequena. Ele ainda diz que todos os haitianos que foram tratados em hospitais e centros de tratamento, sobreviveram. Os que morreram não conseguiram ser atendidos a tempo ou reconheceram os sintomas tarde demais.
“A gente está tentando evitar a morte. O tratamento da cólera não é tão caro, basta soro caseiro e antibiótico. Existe condições físicas para isso”.