27 de novembro de 2010

GUERRA DO RIO: RESUMO DO DIA

"Se formos atacados, não temos como não responder. Estamos com armas que serão usadas, se necessário. São pessoas experientes, bem orientadas. Se tiver que haver confronto, infelizmente vamos ter que partir para isso."
 (General Adriano Pereira Júnior, Comandante Militar do Leste)


Tiroteios e exibição do poderio bélico dos traficantes marcaram o primeiro dia do cerco do Exército, da Polícia Federal (PF) e das polícias do Rio de Janeiro ao conjunto de favelas do Alemão, na zona norte da capital fluminense.Até o momento, o número de mortes nos confrontos dessa semana entre policiais e bandidos no Rio chega a 35, de acordo com o último boletim da Polícia Militar. Foram registrados também 197 detidos, 96 veículos incendiados e três agentes de segurança feridos. Não foi confirmado o número de civis hospitalizados.
Um militar da Brigada Paraquedista do Exército que participa da operação de ocupação do Complexo do Alemão, na Penha, foi ferido na perna por tiros disparados pelos traficantes de drogas. O confronto ocorreu nas ruas Paranhos e Itararé, em Olaria, um dos acessos à comunidade.A dona de casa Luiza de Moraes, de 61 anos, foi ferida dentro de casa, também no Complexo do Alemão, durante o tiroteio. Ela foi levada para o Hospital Getúlio Vargas, onde foi montada uma estrutura especial para atender aos feridos dos confrontos na região. Uma criança de 2 anos de idade também foi levada ao hospital, atingida no braço esquerdo por um tiro de fuzil.

Alemão
Depois que pelo menos 200 traficantes fugiram da Vila Cruzeiro, na véspera, para o Alemão, a polícia calcula que pelo menos 500 bandidos estejam dentro do complexo. Um deles seria Fabiano Atanásio da Silva, o FB, chefe da facção criminosa Comando Vermelho (CV) na região.
Ao todo, três pessoas morreram hoje em confrontos com a PM na capital fluminense, segundo balanço parcial da corporação. Após a fuga de criminosos depois da tomada da Vila Cruzeiro, na zona norte do Rio, a polícia cercou hoje o vizinho Complexo do Alemão, em busca dos traficantes. Dois veículos blindados M-113 da Marinha participam da operação. Dois suspeitos foram presos e outros dois ficaram feridos.
Desde ontem a polícia ocupa a Vila Cruzeiro na megaoperação que realiza contra o tráfico de drogas e a onda de crimes no Rio de Janeiro. Depois de quase 40 horas de intenso tiroteio, a polícia anunciou a tomada da Vila Cruzeiro, no Complexo da Penha, quartel general da facção criminosa Comando Vermelho. Mais de 100 bandidos fortemente armados fugiram para o Complexo do Alemão, controlado pela mesma facção. A polícia, então, deu início hoje a uma operação no local.

Exército
O comandante do Comando Militar do Leste, general Adriano Pereira Júnior, afirmou nesta sexta-feira que homens do Exército já ocupam parte do entorno do Complexo do Alemão e que o deslocamento de militares para cercar a comunidade continua. "Neste momento já ocupamos um trecho e estamos ocupando o restante", disse, durante coletiva no Palácio Guanabara ao lado do ministro da Defesa, Nelson Jobim, do governador Sérgio Cabral (PMDB) e do secretário da Segurança do Rio de Janeiro, José Mariano Beltrame.
Depois do pedido do governo do Estado ao Ministério da Defesa, a Presidência da República autorizou a participação de 800 homens da brigada de paraquedistas na operação. Segundo Jobim, o papel do Exército será o de prover segurança ao perímetro. Cerca de 60% dos militares que vão participar da operação atuaram no Haiti. Além da tropa, dez blindados da Marinha e três helicópteros da Aeronáutica darão apoio.
De acordo com o general Pereira Júnior, o Exército não deixará de revidar, caso seja atacado pelos traficantes. "Se formos atacados, não temos como não responder. Estamos com armas que serão usadas, se necessário", afirmou. "São pessoas experientes, bem orientadas. Se tiver que haver confronto, infelizmente vamos ter que partir para isso", disse, sobre os militares que participam da missão.
Beltrame afirmou que um policial (militar, civil ou federal) estará em cada equipe de militares para, se necessário, fazer abordagens de carros e pessoas nos acessos ao Complexo do Alemão. "Decidimos manter um policial com os militares para não termos esse tipo de problema (questionamento à respeito da legalidade da atuação do Exército)", disse. Segundo ele, a princípio o Exército não entrará nas favelas.
Durante a coletiva, Jobim tentou dissolver polêmicas sobre o comando das ações. "Há áreas muito definidas de função, então não se tem que entrar em discussões sobre comandos da operação", declarou. Segundo ele, o governo estadual definirá as áreas estratégicas de atuação e o governo prestará o apoio necessário. Jobim afirmou ainda que Cabral foi corajoso ao pedir o apoio do governo federal. "A operação que segue tem grande risco."
Durante a ação, bandidos do Complexo do Alemão atiraram em direção a um helicóptero blindado da Polícia Civil, perto da estação de transmissão de Furnas, entre a favela da Vila Cruzeiro e o Complexo do Alemão.Segundo a Polícia Militar (PM), a aeronave, blindada e que pertence à Polícia Civil, não sofreu danos e seus passageiros não ficaram feridos.

Estratégia
O ministro da Defesa, Nelson Jobim, e o governador do Rio, Sérgio Cabral Filho (PMDB), se reuniram ontem no Palácio Guanabara, sede do governo, para traçar estratégia conjunta de enfrentamento do tráfico no Estado. Também fizeram parte do encontro o comandante do Exército brasileiro, Enzo Martins Peri, e o responsável pelo Comando Militar do Leste, general Adriano Pereira Júnior.
Além deles, estavam presentes o comandante do 1.º Distrito Naval, vice-almirante Carlos Augusto e Souza, e o comandante do 3.º Comando Aéreo Regional (Comar), major brigadeiro-do-ar Elcio Picchi, assim como o secretário de Segurança do Rio, José Mariano Beltrame, e o superintendente da Polícia Federal (PF) no Rio, Angelo Gioia, entre outras autoridades.

O confronto
Desde domingo (21), a cidade do Rio de Janeiro sofre com veículos queimados, arrastões, tiroteios e ataques às forças de segurança. De acordo com o governo do Estado, essas são ações de bandidos contra as Unidades de Polícia Pacificadora (UPPs), projeto para instituir polícias comunitárias em favelas. Até hoje, 13 delas foram instaladas na capital fluminense.
Redação Yahoo! Brasil com Agência Estado

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