Nelson Jobim convida o deputado federal José Genoíno para ser assessor especial do Ministério da Defesa
Evandro Éboli
O deputado federal José Genoino (PT-SP) foi convidado pelo ministro da Defesa, Nelson Jobim, para ser assessor especial da pasta a partir de fevereiro, quando termina seu mandato. Na eleição de outubro, o petista não conseguiu se reeleger, e é o primeiro suplente da coligação integrada pelo PT. Na Defesa, é dada como certa a ida de Genoino - um dos réus do mensalão no Supremo Tribunal Federal e ex-guerrilheiro - para o ministério.
- Não estou em Brasília. Estou de férias e não há convite. Depois de fevereiro, irei decidir o que fazer - desconversou Genoino nesta quinta-feira, que afirmou ter bom trânsito junto aos militares.
- Atribuo essa especulação ao fato de sempre ter me dado bem com Jobim. Ajudei na aprovação de projetos do ministério, como a Estratégia Nacional de Defesa e a lei complementar. E mantenho uma boa relação institucional com os militares - disse.
MP denunciou o deputado pelo episódio do mensalão
Genoino foi líder estudantil e atuou na Guerrilha do Araguaia, quando esteve no PCdoB, na década de 70. Foi preso em 72, torturado, e passou cinco anos detido. É um dos fundadores do PT e foi presidente da legenda. Em 2005, deixou o comando do partido após o escândalo do mensalão. Genoino foi denunciado pelo Ministério Público e acusado de corrupção e de destinar recursos para a base do governo.
Em depoimento à Justiça Federal, o petista negou envolvimento e disse que foi perseguido pelo que representava. Ele está na lista dos 39 réus do processo do mensalão que tramita do STF. Genoino avalizou os empréstimos que o então tesoureiro do PT, Delúbio Soares, fez e que, segundo o Ministério Público, serviriam para o pagamento do mensalão a deputados da base governista.
O deputado integra a direção da Frente Parlamentar de Defesa Nacional, que atua a favor de projetos das Forças Armadas na Câmara e no Senado. Como assessor especial, Genoino poderá atuar no Congresso Nacional. Em 2010, ele teve papel importante na aprovação da lei que criou o Estado Maior Conjunto das Forças Armadas, duas novas secretarias no ministério e que deu poder de polícia para a Marinha e a Aeronáutica. O deputado também apoiou o envio de tropas para o Haiti.
No primeiro mandato de Lula, Genoino chegou a ser cotado para assumir o Ministério da Defesa. Entre os militares da ativa não há tanta resistência ao nome de Genoino, mas sim o receio de que esteja sendo preparado para ser o futuro ministro.
As maiores restrições ao seu nome estão entre os oficiais da reserva. Sua participação no combate ao regime militar ainda incomoda. Ao longo de sua carreira política, Genoino recebeu várias condecorações militares, como a do Mérito Tamadaré, da Marinha; medalha Santos Dumont, da Aeronáutica; do Pacificador, do Comando do Exército; e do Mérito da Defesa, do Ministério da Defesa.
O GLOBO