12 de agosto de 2014

Carregamento de cocaína é descoberto em navio-escola da marinha espanhola

Confiscados 127 quilos de cocaína no barco escola das Forças Armadas
A droga estava no paiol onde são guardadas as velas do 'Juan Sebastián Elcano'
O barco escola 'Juan Sebastián Elcano', em Canárias, em 2007. / EFE
MIGUEL GONZÁLEZ / JESÚS DUVA 
Madri - O Juan Sebastián Elcano, o barco escola e um dos navios mais representativos e conhecidos da Marinha espanhola, se tornou involuntariamente um instrumento do narcotráfico. A Guarda Civil confiscou 127 quilos de cocaína no paiol onde as velas são guardadas, durante uma inspeção realizada no arsenal de La Carraca (Cádiz), depois de um cruzeiro de seis meses e 18.000 milhas náuticas.
Em meados de julho, quando o barco-escola estava atracado em Bueu (Pontevedra), a polícia militar prendeu três marinheiros por ordem do Tribunal Togado Militar Territorial número 12. Os três militares —dois espanhóis e um equatoriano— foram acusados de vender até 20 quilos de cocaína a traficantes de Nova York (EUA) durante a escala que o barco fez na cidade, entre 10 e 15 de maio. Previamente, em meados de abril, o Juan Sebastián Elcano esteve em Cartagena de Índias (Colômbia), onde presumivelmente carregaram a droga.
A informação foi fornecida às autoridades espanholas pelo Departamento de Investigação da Segurança Nacional (HSI) norte-americano, depois que a polícia nova-iorquina prendeu os narcotraficantes que foram contatados pelos marinheiros espanhóis e os denunciaram e identificaram.
Os três marinheiros foram presos assim que o barco chegou à costa galega, mas naquele momento a droga que presumivelmente traficavam não foi encontrada. Já na semana passada, depois que o barco estava em sua base de Cádiz, foi realizada uma exaustiva inspeção e, no paiol onde se guardam as velas dobradas — área à qual poucos tripulantes têm acesso, entre eles os dois espanhóis detidos— foram encontrados os 127 quilos de cocaína.
A investigação procura esclarecer se era a primeira vez que traficavam e se há cúmplices
Fontes da Guarda Civil garantem que a investigação continua aberta e não descartam “novas atuações”. Precisam determinar se é a primeira vez que se fazia este contrabando —o que parece improvável, dada a quantidade de droga apreendida— e se tinham cúmplices dentro ou fora do barco. Sabe-se que por cada quilo de cocaína transportado os marinheiros recebiam 5.000 dólares (cerca de 11.250 reais).
Por enquanto, os três detidos cumprem prisão provisória na penitenciária militar de Alcalá de Henares (Madri), acusados do delito de “embarcar drogas tóxicas ou estupefacientes”, com uma pena prevista no Código Penal Militar entre seis meses e seis anos, além de se tratar de um delito contra a saúde pública no Código Penal comum.
A operação começou há seis meses, depois que o departamento de Delinquência Especializada e Drogas da Unidade Central Operativa (UCO) da Guarda Civil, o HSI dos EUA e a própria Armada espanhola decidiram trocar informações pelas suspeitas de que marinheiros do Juan Sebastián Elcano e de outros barcos aproveitaram as vantagens derivadas de seu estatuto militar para traficar droga. Dois guardas civis viajaram para Nova York para se reunir com os agentes do HSI.
A tripulação do barco é formada por 23 oficiais, 22 suboficiais e 139 marinheiros. Durante o cruzeiro de instrução, que começou no dia 1º de março, embarcaram também 69 guardas-marinhos. No trajeto da Galícia a Cádiz vários convidados entraram também, inclusive altos cargos do Ministério da Defesa, que ignoravam a carga que levada a bordo.
Não é a primeira vez que se confisca droga em um barco das Forças Armadas; dois cabos foram condenados a cinco anos de prisão em 2013, mas na ocasião se tratava de transportar um contrabando de haxixe de Ceuta a Cádiz em um navio-patrulha.
EL PAÍS/montedo.com

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