Publicação original: 12/4 (22:57)
Luis Kawaguti
Luis Kawaguti
Do UOL, no Rio
Participantes de baile organizado pela milícia presos na zona oeste do Rio |
Após a operação em um baile organizado por um milícia que deixou cerca de 160
presos –entre os quais três militares das Forças Armadas --, na zona oeste do Rio, a
cúpula da intervenção federal decidiu fazer um alerta para os membros das Forças
Armadas: quem for pego em bailes organizados pelo crime vai ser punido, mesmo
que não esteja ligado diretamente a organizações criminosas.
A operação contra a milícia aconteceu na manhã do último sábado (7) em um sítio
em Santa Cruz. Ao invadir o local, a Polícia Civil entrou em confronto com
milicianos. Quatro suspeitos foram mortos, 30 fuzis e 20 pistolas foram apreendidos.
De 153 presos pela Polícia Civil do Rio em operação contra a milícia,
somente 11 tem ficha criminal. Após uma audiência de custódia na manhã de quarta-feira (11), todas as prisões
foram mantidas. Mas, segundo o defensor público, João Gustavo Fernandes, que
atende 25 dos suspeitos, entre os detidos estariam pessoas não envolvidas com o
crime organizado. Elas estariam no local apenas para participar da festa.
O chefe da milícia, Wellington da Silva Braga, o Ecko, conseguiu escapar da ação.
O UOL apurou que a cúpula da intervenção federal diz acreditar que alguns dos
suspeitos detidos podem não ter "correlação direta" com o crime organizado, mas
cada caso específico ainda deve ser esclarecido durante a investigação policial.
Porém, os interventores decidiram que ao menos os três militares (dois do Exército e
uma da Aeronáutica) flagrados no local serão punidos, mesmo que não seja
comprovada sua ligação direta com a milícia. Eles poderão receber desde
repreensão verbal a prisão administrativa e até serem expulsos da força, com base
no Regulamento Disciplinar do Exército. Um bombeiro também foi preso, mas a
medida não seria estendida a ela.
O documento descreve como motivo para punição "frequentar lugares incompatíveis
com o decoro da sociedade ou da classe".
Os interventores disseram em reunião interna nesta semana que pretendem, a partir
de agora, adotar uma política de tolerância zero com militares que frequentem
eventos e festas onde pessoas estejam portando armas ou consumindo drogas
abertamente.
Eles sabem que não podem regular a conduta pessoal da população civil que esteja
nesses locais sem cometer crimes. Mas, podem usar normas internas para regular a
conduta pessoal dos militares. A ideia seria dar um exemplo à sociedade, para
desestimular a cultura existente em algumas regiões do Rio de Janeiro de que seria
"normal" frequentar bailes funk ou eventos organizados por traficantes de drogas ou
por milicianos.
Dados
A Secretaria da Segurança Pública divulgou em sua conta no Twitter na manhã
desta quinta-feira (12) que entre os anos de 2008 e 2018 foram realizadas 1.514
prisões de milicianos no Rio. Neste ano estão sendo contabilizados 204 casos.
UOL/montedo.com