Marinha fica descontente com nomeação de General de Exército para Estado Maior Conjunto das Forças Armadas
Jorge Serrão
Mal o chefão-em-comando Stalinácio da Silva acabou de instituir a Lei Complementar da Nova Defesa, e as Legiões já endurecem as críticas nos bastidores. O Comando da Marinha ficou insatisfeito com a indicação do General-de-Exército José Carlos De Nardi para comandar o Estado Maior Conjunto das Forças Armadas. Lula e o Genérico Nelson Jobim emplacam a Estratégia Nacional de Defesa preparando o terreno para a [talvez] futura chefona-em-comando Dilma Rousseff da Silva.
A bronca tem motivo. Os Comandantes de Força perdem poder. Ficam responsáveis pelo adestramento das tropas. Já o Chefe do EMCFA se torna o responsável pelo emprego dessas tropas. Ex-Comandante Militar do Sul, o General De Nardi, que já foi secretário do Ministério da Defesa na gestão de Nelson Jobim, é o intermediário entre o Ministro da Defesa e os Comandantes da Aeronáutica, Exército e Marinha. De Nardi tem ascendência sobre todos os militares de qualquer Força, exceto sobre os próprios comandantes.
Os Altos-Comandos das três Forças perdem poder. O Ministro da Defesa agora está oficial e legalmente inserido na cadeia de Comando das Forças Armadas, abaixo do Comandante Supremo, o Presidente da República. O Ministro da Defesa é quem indicará os Comandantes de Força, para decisão do Presidente. Antes a indicação era das Forças, ouvido o ministro. O Ministro da Defesa também escolherá livremente os seus secretários, inclusive os militares. Até então, as próprias Forças indicavam os militares que deveriam ocupar secretarias militares na Defesa.
Para neutralizar a insatisfação militar com a END, o governo tenta ganhar os militares pelo bolso. Criou 227 cargos e 251 gratificações, no total de 488, ao custo anual de R$ 18,95 milhões . São os meios necessários para que o Ministério da Defesa implemente a Estratégia Nacional de Defesa (END) e aumente sua capacidade de coordenar a ação das Forças Armadas na execução das funções planejamento, orçamento, aquisição de produtos de defesa, preparação do pessoal militar, dentre outros objetivos.
O Ministério da Defesa salta de 1.187 servidores (609 civis e 578 militares) para 1.675 servidores ( 864 civis e 813 militares). São 225 cargos em comissão do Grupo-Direção e Assessoramento Superiores – DAS, assim distribuídos: 10 DAS-5, 40 DAS-4, 76 DAS-3, 67 DAS-2 e 32 DAS-1. Também se somam 24 gratificações GR-IV; 4 GR-III; 5 Gratificações de Exercício em Cargo em Confiança do Grupo A; 106 do Grupo B e 23 do Grupo E; 32 Gratificações de Exercício de Cargo de Confiança devida a militares do nível V - Supervisor e 69 do nível II - Especialista.
A nova estrutura da Defesa foi tão importante para Lula que, ao sancionar a nova lei, semana passada, ele aproveitou para fazer uma gozaçãozinha com os militares: “Com essa lei, eu poderia ter mandado uma emendinha para mais alguns anos de mandato”.
ALERTA TOTAL (Imagem: Maria Helena Sponchiado)