29 de agosto de 2010

POLÊMICA SOBRE RESTRIÇÕES AO INGRESSO NAS FORÇAS ARMADAS CONTINUA

Restrições não têm base na medicina
O infectologista do Hospital Nereu Ramos, em Florianópolis, Fábio Gaudenzi de Faria, explica que do ponto de vista médico a medida não tem embasamento. Ele destaca que o portador de HIV pode praticar atividades físicas e ter uma vida normal, se tiver acompanhamento. “Se fosse assim, profissionais de saúde como dentistas com hepatite, por exemplo, também não poderiam trabalhar “, compara.
Para Faria, é mais fácil alguém se contaminar durante trabalhos em campo com a população do que com os colegas. O motivo é que existe um procedimento, chamado protocolo de acidente com material biológico, para quando uma pessoa não infectada entra em contato com o sangue de uma pessoa portadora de HIV ou hepatite B. Isso, segundo o infectologista, inibe o vírus.
O mesmo não se aplica quando o caso é de hepatite tipo C, pois não há tratamento para ser feito no momento da contaminação. Mas existe um acompanhamento de seis meses que, se feito cedo, proporciona a cura em 90% dos casos.
“O que deveria ser feito são campanhas de conscientização para sugerir uma triagem médica. Esses exames serviriam para que a pessoa buscasse tratamento, mas isso nunca deve ser feito para proibir o acesso”, destaca.

Candidatos defendem as exigências
O sargento Henrique Pirata coordena o Projeto Aprovar, implantado em Florianópolis em 2009. Com turmas semestrais, o curso tem professores voluntários e as aulas são de segunda a quinta-feira na Base Aérea e no Batalhão Fernando Machado.
Entre os alunos entrevistados no seu curso, a posição sobre as restrições é unânime: todos concordam. Victor Santos, 20 anos, estuda para seguir carreira militar no Exército e fará a prova pela segunda vez em novembro.
Com pai bombeiro e tio policial civil, o jovem vislumbra estabilidade financeira e realização profissional. “É preciso estar apto fisicamente para seguir na profissão”, defende.
Ações do Ministério Público Federal (MPF) também contestam o veto a candidatas grávidas e pessoas hermafroditas – alteração no desenvolvimento dos genitais. Outras exigências consideradas estéticas pelo MPF são altura mínima (1m60 para homens e 1m55 para mulheres); ter pelo menos 20 dentes naturais; não possuir dentes cariados ou lesões que comprometam a estética ou a mastigação; e não ter tatuagens.

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