Alerj inicia CPI para apurar como armamentos chegam ao tráfico
MARIA INEZ MAGALHÃES
O ‘desaparecimento’ de fuzis doados pela Marinha à Secretaria de Segurança — conforme O DIA noticiou domingo — será um dos cinco pontos que vão conduzir o trabalho da CPI das Armas, instalada ontem na Alerj. Um dos fuzis foi encontrado pela Polícia Militar, em janeiro, no Complexo do Alemão. O deputado estadual Marcelo Freixo (PSOL) é o presidente da comissão, que deve ser concluída em 5 meses.Para iniciar as investigações, os deputados solicitaram às autoridades de segurança lista com nomes de investigados por tráfico de armas nos últimos dez anos e relação do armamento apreendido no mesmo período e durante a ocupação dos complexos da Penha e do Alemão.
Os integrantes da CPI decidiram convocar policiais acusados de desviar armas, entre eles investigados na Operação Guilhotina, da Polícia Federal. Por fim, os parlamentares querem ouvir o sociólogo Antônio Rangel, coordenador de Controle de Armas do Viva Rio, que tem estudos do tema.
“O Rio convive com armamento pesado há muito tempo. Não temos apenas um problema nas fronteiras. A Operação Guilhotina mostrou como a corrupção policial está ligada a esse crime. As decisões tomadas hoje são importantes e corajosas, e mostram que ninguém será poupado de nada”, avisou Freixo, informando que poderá pedir quebra de sigilo bancário e telefônico dos investigados.
Os nomes serão pedidos às Forças Armadas, polícias Federal, Civil e Militar, Corpo de Bombeiros e ao Sistema Penitenciário. Por sugestão do relator da CPI, deputado Wagner Montes (PDT), o resultado das investigações deverá ser informado. “É para não corrermos o risco de manchar o nome de quem já foi absolvido. Vamos trabalhar muito para chegarmos aos culpados”, disse ele.
Entre os que deverão depor na CPI está o ex-subchefe operacional da Polícia Civil Carlos Oliveira, preso na Guilhotina. Ele foi acusado pela PF de apreender armas e revendê-las a traficantes.
O DIA