Rogério Mendelski
O Brasil é o país da piada pronta, dizem os humoristas. Há casos que confirmam a nossa situação de nação que se presta a produzir algumas maledicências e muitas anedotas. Uma delas, por exemplo, conta a história de um boateiro incorrigível que tinha o prazer de criar factóides ou simplesmente de espalhar boatos.
Entre suas maldades verbais estavam os militares. Qualquer boato que inventava sempre tinha um militar no meio de suas maledicências e foi aí que um comandante de um regimento mandou prendê-lo.
“Vamos dar um susto nesse boateiro”, disse a um grupo de soldados encarregado de prendê-lo. No quartel, bastante assustado, o boateiro ficou sabendo que seria fuzilado, na madrugada seguinte. Apesar de suas juras de nunca mais espalhar boatos e de implorar por clemência, na hora marcada, com o pelotão de fuzilamento perfilado, o boateiro teve os olhos vendados e empurrado de costas para um paredão. Até um capelão deu-lhe a extrema-unção seguindo toda a liturgia exigida. Ali, sozinho, aterrorizado pelo fim de sua vida, ouviu o próprio general dar as ordens de execução: “Pelotão, apontar! Pelotão, fogo!” O boateiro esperou pelo tiro no coração que não veio, mas mesmo assim, urinou nas calças. Ele ouviu apenas as gargalhadas dos soldados e, logo após, o general foi ao seu encontro, tirou-lhe a venda e ordenou: “Agora, suma daqui e nunca mais espalhe boatos. Aprenda a lição para sempre”. Suas pernas tremiam, mas ele teve tempo de sair do quartel e tomou o primeiro táxi que passou. O motorista vendo seu estado perguntou “o que tinha acontecido?” O boateiro, recuperado do susto, encarou o taxista e disse com um sorriso no canto da boca: “Sabe da última? O Exército está sem munição.”
Na semana passada, o general da reserva Maynard Santa Rosa, ex-secretário de Política, Estratégia e Assuntos Internacionais do Ministério da Defesa, afirmou que o Exército “possui munição somente para menos de uma hora de combate” E isso não é um boato.
Rádio Guaíba/montedo.com