Secretários são contra Forças Armadas na coordenação de grandes eventos
Em nota, Conesp defende que Ministério da Justiça assuma o comando
CRISTIANE BONFANTI
BRASÍLIA - O Colégio Nacional de Secretários de Segurança Pública ( Conesp) divulgou nota nesta quarta-feira contrário a coordenação de grandes eventos nas mãos das Forças Armadas. O governo ainda não se posicionou oficialmente sobre o assunto, mas sinalizou que as Forças Armadas devem coordenar a segurança na Copa do Mundo em 2014, a Copa das Confederações de 2013 e a visita do Papa Bento XVI, também no próximo ano.
“Os Secretários de Estado de Segurança Pública do Brasil, reunidos em sessão especial do Colégio Nacional de Secretários de Segurança Pública – CONSESP, deliberaram por se posicionarem contrários a essa possibilidade e por publicar nacionalmente esse posicionamento, pois o planejamento das ações de Segurança Pública dos grandes eventos já está sendo construído pelos Secretários de Estado e coordenado pelo Ministério da Justiça, com foco na segurança do cidadão, respeito a seus direitos e garantias fundamentais e com base na inteligência policial, conforme tradição mundial e acordos já firmados com demais países e entidades esportivas internacionais participantes dos eventos”, diz o documento.Reunidos em Campo Grande (MS), secretários de Segurança Pública divulgaram nota manifestando “preocupação” com a medida. Eles recomendam que a coordenação dos grandes eventos continue “sob a responsabilidade da Secretaria Especial de Grandes Eventos do Ministério da Justiça, com gestão compartilhada entre os Secretários de Estado de Segurança Pública do Brasil.” Procurado, o Ministério da Justiça informou que “a Secretaria Extraordinária de Segurança para Grandes Eventos trabalha com cronograma normal de atividades que já estavam previstas no planejamento”.
As diretrizes para a atuação das três forças, previstas em portaria do Ministério da Defesa publicada na terça-feira no Diário Oficial da União, incomodaram profundamente integrantes da Polícia Federal e das secretarias estaduais de Segurança. A preocupação é que, caso as Forças Armadas sejam de fato escolhidas para coordenar a segurança dos eventos, especialmente das copas do Mundo e das Confederações, as cidades-sede não ficarão com qualquer legado. Muitas secretarias já davam como certo que herdariam os modernos equipamentos que devem ser adquiridos para os eventos.
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“Segurança Pública é hoje um dos maiores anseios sociais em todos os recantos do país. Oportunidade de importantes melhorias como o aporte de legados posteriores aos grandes eventos não deve ser perdida, portanto o CONSESP vem a público manifestar sua preocupação com a questão, recomendando que a coordenação das referidas atividades de Segurança Pública continue sob a responsabilidade da Secretaria Especial de Grandes Eventos do Ministério da Justiça, com gestão compartilhada entre os Secretários de Estado de Segurança Pública do Brasil”, diz outro trecho da nota.
A preocupação deles vem se acentuando desde o fim de julho, quando a presidente Dilma Rousseff sinalizou em Londres que os grandes eventos, cujo orçamento de segurança é de R$ 1,8 bilhão, deveriam ficar sob tutela da Defesa, como O GLOBO revelou na época. No último dia 15, durante uma reunião realizada em Brasília, o secretário de Segurança do Rio, José Mariano Beltrame, cobrou do governo federal a apresentação da proposta de ajuda financeira da União para a realização dos grandes eventos. Beltrame estava ao lado de outros 11 secretários estaduais de Segurança.
— Quando tivermos a definição do que virá de recursos federais, estaremos prontos para comprar e fazer — disse Beltrame na época.
A decisão se deu em meio à greve dos policiais, com prejuízo para investigações e emissões de passaportes, além de filas nos aeroportos e postos de fronteira. A postura dos servidores abalou a confiança do Palácio do Planalto na categoria. O governo quer garantir um efetivo no caso de mobilizações durante os grandes eventos esportivos.
O Globo/montedo.com