Ex-ministro, condenado pelo Supremo, chegou a Porto Alegre na madrugada deste sábado
Juliana Bublitz
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Político foi ovacionado por militantes (Diego Vara/ZH) |
Aos gritos de "Dirceu, guerreiro do povo brasileiro", o ex-ministro-chefe da Casa Civil José Dirceu, chegou ao salão da Igreja Pompeia, em Porto Alegre, na manhã de sábado, para participar de um encontro do PT. Apesar de ter sido condenado a 10 anos e 10 meses de prisão no julgamento do mensalão, Dirceu foi ovacionado por centenas de militantes e teve uma manhã de celebridade. De calça jeans e camisa azul, distribuiu apertos de mão, acenos e até posou para fotos junto dos admiradores. Foi recebido como um mártir.
A convite de integrantes da corrente Unidade na Luta, ele veio à Capital conversar com os correligionários sobre o futuro da sigla e a ação penal em andamento no Supremo Tribunal Federal (STF), a respeito do esquema de compra de votos parlamentares no governo Lula, pelo qual foi condenado por ser considerado o mandante. A iniciativa faz parte de uma série de aparições do tipo que ele tem protagonizado Brasil afora, em busca de apoio nas bases.
Rodeado pela imprensa, Dirceu foi cordial, sorriu e não aparentou nervosismo, mas se limitou a dizer que não concederia entrevistas antes do fim do julgamento.
Na abertura do evento, que lotou o salão paroquial, o ex-ministro falou da necessidade de se repensar os rumos da legenda, depois de ouvir discursos inflamados contra o STF e a "criminalização da política".
— Nós temos, nesse ano de 2013, de fazer uma grande mobilização nacional. O partido tem de se preparar para a eleição de 14. Mas temos de mudar o modo de atuar. Isso significa redefinir nossas tarefas nos próximos 10 anos — afirmou Dirceu e concluiu:
— Formação de quadrilha e corrupção faz parte do que se construiu como mensalão para tentar nos destruir. E essa disputa, vamos ter de fazer na sociedade. É evidente que o país vai crescer 3 ou 4% no ano que vem. É evidente que os programas sociais estão crescendo. É evidente que a possibilidade de governarmos o país por mais oito ou 10 anos é real, se formos capazes de renovar o PT. E se formos capazes de aumentar a nossa participação no Congresso Nacional.
Sobre o julgamento no STF, disse que a tese do mensalão é uma fraude e acusou o STF de condená-lo sem provas.
— Não se trata de uma luta em torno da ação penal 470. É importante construir a narrativa do que aconteceu no STF, porque não é verdade que houve desvio de recursos para o PT. Isso está provado em auditoria e nos autos. Isso é uma fraude, uma invenção. Não há uma prova, uma testemunha de compra de parlamentar, a não ser o Roberto Jefferson. As testemunhas da defesa foram consideradas suspeitas, uma coisa inacreditável — argumentou.
Dirceu também saiu em defesa de Lula e criticou o que considera o "monopólio da imprensa":
— Há uma tentativa clara, agora, de atingir o Lula. E de nos provocar, porque tem muita provocação nisso. E nós não vamos cair em provocação e sair do caminho democrático. Mas nós não podemos continuar sem a mobilização, sem falar com o povo. Porque eles falam com o povo todo dia, pela televisão, e nós não temos essa voz. Porque tem um monopólio, e precisamos regularizar isso. Não é censurar. É que a Constituição diz que não pode ter monopólio.
Entre os petistas presentes ao encontro, estavam o presidente estadual do partido, deputado Raul Pont, o presidente municipal, vereador Adeli Sell, os deputados estaduais Adão Villaverde, Marisa Formolo e Valdeci Oliveira e a ex-senadora Emília Fernandes, entre outros. O governador Tarso Genro não estava presente, mas enviou uma carta de saudações aos militantes, sem fazer referências a José Dirceu.
ZH/montedo.com
Comento:
Confesso que este é um dos (raríssimos) momentos em que sinto vergonha de ser gaúcho. Tá bem que são uns duzentos e poucos gatos pingados, mas esse pessoal deveria ser corrido do Rio Grande à pelegaços.