
Constituído em março de 2010 com o objetivo de prestar auxílio humanitário no pós-terremoto, o batalhão deixa o Haiti num momento em que a violência voltou a crescer, principalmente na região da Grande Bel-Air, que inclui os bairros mais populosos de Porto Príncipe e é parte da área de atuação do batalhão.
Não há números oficiais, masum levantamento da ONG Viva Rio no Haiti, feito com base em informações de líderes comunitários, da polícia haitiana e da Missão das Nações Unidas para a Estabilização no Haiti (minustash), mostra que a taxa de homicídios na região era, em 2006, de 32 por 100 mil habitantes. Em 2010, ano do terremoto, foi para 50 e, entre novembro de 2011 e outubro de 2012, saltou para 104.
Para o comandante do bataIhão, coronel Sinval dos Reis Leite, a saída do Brabat 2 não vai interferir na segurança da população. Ele afirma que a tarefa dessa unidade era “especificamente humanitária e acabou recebendo uma área operacional para prover segurança”. Segundo ele, “antes do terremoto só existia um Brabat, com cerca de 1.200 homens, e isso será reconstituído”. A área coberta pelo batalhão que será extinto será dividida entre os militares brasileiros e o Exército do Nepal.
A violência na região, segundo o coronel, é volátil. Os motivos, explica Pedro Braum Azevedo da Silveira, pesquisador e consultor de segurança do Viva Rio no Haiti, são vários, e a luta por poder entre as cerca de dez gangues da Grande Bel-Air é um deles.
Segundo o coronel Sinval, desde dezembro, quando assumiu o comando do batalhão, nenhum tiro real foi disparado. Balas de borracha foram usadas em eventos avaliados como esporádicos. “O mais surpreendente foi que aumentamos a sensação de segurança sem precisar dar nenhum tiro.”
Passaram pelo batalhão que deixa de existir, em três anos e três meses de operação, 4.787 militares brasileiros.
O material usado pelo batalhão foi dividido em quatro grupos: parte será repatriada para o Brasil, outros equipamentos serão reutilizados na base que permanece no Haiti, alguns objetos serão doados e o restante será descartado.
O navio Garcia D’Ávila, que tem 140 metros de comprimento e pode carregar até 8.751 toneladas, leva ao Brasil veículos (viaturas, caminhões, carros de combate e ambulâncias) e contêineres com materiais como geradores, unidade de purificação de água, barracas, coletes e capacetes.
Valor Econômico, via DefesaNet/montedo.com