Batalhão de Infantaria de Manaus vai enfrentar quatro dias de caminhada na selva para atingir ponto mais alto do Brasil
Um grupo formado por 13 militares do Batalhão de Infantaria de Aeronáutica Especial de Manaus (BINFAE-MN) partiu nesta segunda-feira (17) de Maturacá (AM) para a jornada de quatro dias de caminhada, três deles literalmente no meio da selva.
Eles subirão o Pico da Neblina com a missão de trocar a Bandeira Nacional. A montanha tem altura de 2.994 metros e está situada na Serra do Imeri, próxima à fronteira com a Venezuela. É o ponto mais alto do território brasileiro.
Desde 2001, o BINFAE-MN realiza a missão em homenagem ao dia da Bandeira Nacional, celebrado em 19 de novembro. Deteriorada pela chuva e ventos que podem ultrapassar os 50km/h no cume da montanha, a antiga bandeira será incinerada em formatura solene.
A primeira parte do trajeto é realizada por duas embarcações movidas a motor de popa, conhecido na região norte como voadeira. Serão pelo menos três horas pelo rio até chegar a Foz do Tucano, um dos afluentes do Rio Negro.
"Tudo vai depender do nível do rio, que nesta época está mais baixo. Em alguns trechos há formação de bancos de areia", explica o Tenente Thiago de Souza.
Ao desembarcar, o grupo deve caminhar por pelo menos mais três horas até chegar ao lugar do primeiro pernoite. "Hoje é o dia mais tranquilo", afirma o Tenente Souza, que lidera o grupo na expedição pela segunda vez.
Percurso
Ao todo, os militares da Força Aérea Brasileira (FAB) devem percorrer a pé pelo menos 26 quilômetros enfrentando temperaturas que ultrapassam os 40 graus durante o dia e caem para menos de 10 graus à noite nos pontos mais altos.
"Treinamos para atuar em pronta resposta em apoio a todas as ações de Força Aérea. Nesta missão, tudo é treinado, montanha, selva e água. No dia em que precisarmos agir teremos pessoas preparadas", analisa o Comandante do BINFAE Manaus, Coronel Alexandre Okada.
Peso x conforto
Cada militar carrega uma mochila com peso entre 20 e 22 quilos. "É o nosso conforto", sintetiza o Sargento Douglas de Moraes, que fará o percurso pelo segundo ano consecutivo.
O conforto ao qual o guerreiro de selva se refere são itens considerados extremamente essenciais para cumprir o percurso com segurança, como kit de higiene, alimentos, cabana, saco de dormir, fogareiro e algumas roupas. Tudo impermeabilizado individualmente. "Se chover ou cair na água, não vai comprometer meu material", explica.
Ele não é o único a repetir a experiência. Junto com o Tenente Tiago e o Cabo Henrique Barbosa, forma o trio que no ano passado realizou o percurso.
Neste ano, os ensinamentos que aprenderam servirão de guia para os outros 10 debutantes na trilha.
É o caso do soldado Anderson Michiles de Lima. Ele foi voluntário para integrar a missão. "Vamos colocar a prova tudo o que aprendemos. A gente se prepara para o desconhecido", afirmou antes de embarcar.
O grupo também conta com a experiência e o conhecimento dos soldados do Exército Florêncio e Macedo, da etnia Yanomami. Nascidos e criados na região, eles já percorreram inúmeras vezes o trajeto.
Neste período, a comunicação do grupo é feita por rádio e mensagens via satélite.
O contato é com o 5º Pelotão Especial de Fronteira do Exército (PEF) de Maturacá, onde ficará o helicóptero H-60 Black Hawk em alerta com equipe de resgate (SAR).
Tribo indígena
No domingo (16), além dos últimos ajustes na preparação das mochilas operacionais, o grupo visitou a tribo indígena Hiaribu, da etnia Yanomami.
Cerca de 800 indígenas vivem na comunidade localizada próximo ao PEF de Maturacá.
Com pinturas e adornos presos ao corpo, um dos líderes da comunidade, Júlio Goes, desejou boa missão aos militares e também fez recomendações. "Tem que ter muito cuidado. Nesta época chove e fica escorregadio", afirmou o tuchaua, como são chamados os líderes no idioma nativo.
Fonte:Força Aérea Brasileira
Portal Brasil/montedo.com