RAMON FORNEAS E GUSTAVO PASCOTTO SÃO PRIMEIROS DO PAÍS EM TREINAMENTO.
GOVERNO BRASILEIRO COMPROU 36 CAÇAS QUE CHEGARÃO A PARTIR DE 2019.
Os capitães Gustavo de Oliveira Pascotto e Ramon Santos Forneas, os primeiros pilotos brasileiros que aprenderão a pilotar o caça Gripen, disseram que farão os primeiros voos em três semanas. Até lá eles passarão por aulas teóricas e em simulador na base aérea de Skarabor, conhecida como F7 wing, localizada na parte central do país, e especializada na preparação dos pilotos.
O Brasil comprou 36 caças Gripen NG, que só chegarão a partir de 2019, com data final de entrega em 2025, por US$ 5,4 bilhões (R$ 13,4 bilhões). O Mirage foi aposentado pela FAB (Força Aérea Brasileira) em dezembro de 2013.
Pascotto, de 33 anos, atuou na base aérea de Anapólis (GO) – que receberá os novos caças a partir de 2019. Forneas foi piloto de F-5 na base aérea de Santa Cruz, no Rio.
Ambos ficarão na Suécia em treinamento até 22 de abril de 2015 e voarão uma versão anterior do Gripen à comprada pelo Brasil.
A dupla tem aulas diárias das 7h30 às17h e irão morar na base da Força aérea sueca até o fim do curso.
“Passamos por exames físicos, fizemos eletrocardiograma e testes de esteira para depois podermos passar por simuladores e a centrífuga [que simula a pressão da gravidade em voo]“, diz Forneas. “Estamos na fase de aulas teóricas para ajustes de equipamentos.”
“Ser piloto é o que eu sempre quis e fazer um curso como motiva ainda mais nossa vontade de guardar e defender o país. Todo país pacífico tem a necessidade de se defender”, afirma Pascotto.
Os dois militares foram selecionados entre todos os pilotos de caça do país para aprender a voar no Gripen depois de uma avaliação de critérios técnicos pela FAB. “Fomos comunicados em setembro pelo comando, que decidiu que devíamos executar o curso para depois transmitir as informações no Brasil”, diz Pascotto.
Os dois pilotos também poderão ser os primeiros a pilotar o Gripen dentro do Brasil. A Aeronáutica ainda negocia com o governo da Suécia o aluguel de 8 unidades do Gripen C (de um lugar) e do Gripen D (de dois lugares), que poderiam chegar em 2016, para atuar nas Olimpíadas do Rio. Estes aviões seriam usados até a data final de entrega dos Gripen NG, algo previsto para ocorrer em 2025.
Detalhes do contrato
O anúncio da assinatura do contrato entre Saab e governo brasileiro foi feito no último dia 27 de outubro. Foi assinado um contrato de cooperação industrial, que incluirá transferências de tecnologia à indústria brasileira nos próximos 10 anos.
O contrato inclui 28 aviões de apenas um assento e oito aeronaves de duas posições, para treinamento. Segundo a Aeronáutica, o contrato foi assinado no dia 24 de outubro, em Brasília, e envolve o treinamento de pilotos e mecânicos na Suécia.
O preço assinalado no contrato final é superior ao previsto em dezembro de 2013, quando o governo brasileiro escolheu o modelo sueco em uma disputa denominada “FX-2″. Na época, a proposta apresentada pela Saab era considerada a mais barata entre as concorrentes e estava em US$ 4,5 bilhões. A entrega inicial prevista também era estipulada para 2018.
A Aeronáutica diz que o valor reajustado ocorre devido a novos parâmetros exigidos pelo Brasil e que o preço inicial era apenas uma previsão.
A disputa do “FX-2″ incluía o caça Rafale da empresa francesa Dassault e o F/A-18 Super Hornet americano. Segundo a Aeronáutica, a assinatura do contrato, assinado na sexta-feira, antes do 2º turno das eleições presidenciais, só foi divulgado no último dia 27 devido à publicação do acordo no Diário Oficial da União.
“Estamos orgulhosos de estar ao lado do Brasil dentro deste programa tão importante”, afirmou o presidente da Saab, Marcus Wallenberg.
O Brasil será, ao lado da Suécia, o primeiro país a utilizar a nova geração dos caças Gripen. O contrato deve entrar em vigor no primeiro semestre de 2015.
Atualmente, o Gripen é utilizado pela Aeronáutica da Suécia, República Tcheca, Hungria, África do Sul e Tailândia. A aeronave pode chegar a até duas vezes a velocidade do som e é caracterizada por ser multimissão (com poder de ataque e defesa, podendo atingir alvos em terra e no ar, e também de reconhecimento)
Brasil opera apenas F-5
As 36 aeronaves serão usadas para defesa aérea, policiamento do espaço aéreo, ataque e reconhecimento. A primeira unidade aérea a receber o novo modelo deverá ser o 1° Grupo de Defesa Aérea, com sede em Anápolis (GO), informou a FAB.
A unidade, que atua na defesa do Planalto, está sem aeronaves desde dezembro de 2013, quando foram aposentados os caças Mirage 2000. Atualmente, é usada apenas para proteção das fronteiras os jatos F-5, que foram modernizados e são menos potentes que o Mirage. (G1)
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