Os alunos do Curso de Formação de Sargentos estavam em Maranguape e possivelmente foram contaminados pela água
Soldados doentes realizaram exames no Hospital Militar e retornaram ao 23 BC.
Há desencontro sobre internados. Sesa diz que são 4; unidade de saúde afirma serem 10
NATINHO RODRIGUES
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Conforme as informações do coordenador de Promoção e Proteção à Saúde da Secretaria da Saúde do Estado (Sesa), Manuel Fonseca, quatro soldados ainda permanecem internados, outros estão em análise clínica aguardando resultado dos exames. "O fato de apresentarem icterícia na pele pode indicar suspeita de leptospirose ou de hepatite A. Umas das causas pode ter sido a água infectada, transportada pelo carro pipa ou qualquer outro alimento ruim. Estamos aguardando os laudos e atentos para que isto não se repita novamente", informa.
Uma reunião entre a Sesa, a Secretaria Municipal de Saúde (SMS) e o Laboratório Central de Saúde Pública (Lacen) está marcada para próxima segunda-feira com o intuito de analisar os resultados e abrir sindicância com provas colhidas no local.
Movimentação
No Hospital Militar, o clima ontem era de temor. O entra e sai de adoentados, vindo do 23 BC, era intenso. Um dos alunos do Curso de Formação, na companhia de outros seis, confirmou a contaminação, disse estar bastante ansioso para receber logo o resultado dos exames. Orava para não ter sido contaminado mesmo por leptospirose. "Mas as chances são bem grandes de ser algo mais grave", diz.
Com o sobrinho internado na instituição militar com suspeita de leptospirose, uma senhora, que pediu para não se identificar, procurou o Diário do Nordeste reclamando da falta de informações e temendo a instalação de uma epidemia entre os soldados do 23 BC. "Foi tudo muito estranho. Há uma semana dois passaram muito mal. De repente todos estavam bem doentes e a gente sem saber nada direito. O superiores querem esconder os fatos e os perigos", narra. Ela comenta ainda a falta de higiene e a constante presença de ratos no interior do quartel.
Entretanto, ela não foi a única a procurar a redação para relatar o acontecido. Uma outra denuncia chegou por telefone no começo da tarde de ontem. Um soldado, que estava presente no Curso de Formação em Maranguape, relatou a gravidade dos sintomas sentidos por ele e pelos companheiros: bastante vômitos, dores estomacais fortes e até risco de desidratação.
Acompanhamento
O médico responsável pela vigilância epidemiológica na Secretaria Municipal de Saúde, Ronaldo Pinheiro, afirma que os casos, apesar de não serem graves, merecem atenção e serão acompanhados pela gestão. "Estamos dando todo apoio necessário. Sei que esses militares acabam se arriscando por estarem expostos em área com mato, por exemplo. Entretanto, temos que ser cautelosos, não podemos confirmar ainda qual a doença que eles têm", alerta.
Blindagem
Sobre o ocorrido, a direção do Hospital Militar não quis se pronunciar. Na entrada da unidade de saúde a equipe foi proibida de realizar entrevistas tanto com os internos como com os acompanhantes. Uma das superiores ainda ameaçou de punição os cinco soldados que quiseram nos dar entrevistas.
Com esta blindagem, até o número de doentes internados ficou desencontrado. Um soldado, responsável pela recepção da instituição, informou que cerca de dez alunos estavam no Centro de Tratamento Intensivo (CTI) enquanto a Sesa contabilizou apenas quatro.
Tentamos contatos também com a direção do 23º Batalhão de Caçadores, mas fomos informados que nenhum dos dirigentes iria se pronunciar.