Tem novidade asiática na selva amazônica
Manoela Meyer
A búfala Altamira pasta no CIGS. Foto: Rafaela Carvalho |
Os búfalos chegaram ao Brasil como sobreviventes de um naufrágio, no final do século 19. Nadaram até a Ilha do Marajó (PA) e lá se estabeleceram. Mais tarde, passaram a conviver com outros búfalos, agora importados por produtores rurais da região que viram a oportunidade de produzir carne, leite e utilizá-los como meio de transporte.
Essa região concentra atualmente o maior rebanho desses animais, no país. E é de lá que vieram os primeiros exemplares usados pelo Centro de Instrução de Guerra na Selva (CIGS) – quartel do exército situado em Manaus e referência mundial na formação de guerreiros de selva. “Nos últimos anos, estávamos à procura de um animal de carga que pudesse resistir às condições amazônicas”, disse o Coronel Edmundo Palaia Neto, comandante do CIGS.
Os cavalos foram os primeiros escolhidos, mas em meio à selva, rios e umidade, seus cascos apodreceram. Além disso, o custo de manutenção – que inclui vacinas e ração especial – era muito alto. As rústicas mulas vieram em seguida, mas também não aguentaram o clima da Amazônia. A última sugestão veio do Pará: por que não tentar os cavalos marajoaras, bem adaptados às condições do norte do país?
Junto com o exemplar do cavalo, o militar escalado para a tarefa decidiu trazer um búfalo da mesma região. E já nos primeiros dias, não restaram dúvidas de que o búfalo seria a melhor opção para o exército. “Cada animal custa em torno de R$400. E seus cuidados não passam de R$60 ao ano”, conta o Coronel Palaia. Apesar do grande porte, o animal é tranquilo e silencioso – qualidades imprescindíveis para acompanhar um grupo de militares em deslocamento pela selva. Também é bom nadador, o que facilita as travessias pelos extensos rios amazônicos, e não necessita de ração especial para sua alimentação. Come o que vê pela frente. Em caso de necessidade, um único búfalo, quando abatido, é capaz de render até 400kg de carne de alta qualidade. É a sobrevivência garantida por dias para muitos homens isolados na floresta.
A utilização de búfalos por militares só acontece no Brasil. “A Colômbia tem demonstrado interesse, diante da nossa experiência”, diz o coronel. Segundo ele, os búfalos não são usados com esses fins na Ásia, sua região de origem, por serem associados a um animal precioso para a produção de comida. Eles auxiliam na aragem dos cultivos de arroz e, com isso, têm um grande valor simbólico para a população.
Essa matéria foi feita com base nas atividades integrantes do Projeto Repórter do Futuro, organizada pela Oboré e do Projeto Formadores de Opinião, do Exército Brasileiro.
Repórter do Futuro
Nota do editor:
Matéria bem mais completa sobre o assunto, de autoria do Coronel Hiram Reis e Silva, você encontra neste link (publicado no blog em 4 de janeiro):
Repórter do Futuro
Nota do editor:
Matéria bem mais completa sobre o assunto, de autoria do Coronel Hiram Reis e Silva, você encontra neste link (publicado no blog em 4 de janeiro):