Conflito entre exército e populares continua em comunidade no Puraquequara
Na manhã desta quarta-feira (14), o grupo de oficiais do Comando Militar da Amazônia (CMA) retornou à Comunidade Jatuarana na área rural do bairro Puraquequara para dar seguimento às ações de demolição dos imóveis de moradores da comunidade
Morador da comunidade Jatuarana mostra título definitivo da terra |
WALLACE ABREU
Morador da comunidade Jatuarana mostra título definitivo da terra (Euzivaldo Queiroz)
Na última sexta-feira (09), um grupo de oficiais do Comando Militar da Amazônia (CMA) esteve na comunidade Jatuarana e destruiu a casa do agricultor Wilson Gomes Neves, 35. De acordo com o agricultor, o grupo alegou que o imóvel estava em área pertencente ao exército. As terras são motivo de disputa entre exército e moradores há pelo menos oito anos.
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Na manhã desta quarta-feira (14), o exército voltou à área e deu seguimento à demolição das casas dos moradores da comunidade. Segundo o agricultor que já teve sua casa demolida na semana passada, eram pelo menos 30 homens armados, enquanto outros realizavam o desmonte das casas.
“Estamos vivendo uma espécie de terrorismo. Eles ameaçaram que fariam, voltaram e fizeram. Eles não tem nenhum mandado oficial para realizar a ação. Eu e minha família já moramos aqui há 18 anos. Eu possuo o registro e escrituras destas terras, mas eles continuam destruindo tudo e alegando que as terras pertencem à eles”, relata Neves.
São 86 famílias morando atualmente na comunidade, em sua maioria, agricultores. Segundo o morador, a ação foi denunciada no Ministério Público Federal (MPF/AM), Comissão Pastoral da Terra (CPT), Defensoria da União e Polícia Civil. “Na semana passada fizemos a denúncia junto à esses órgãos, mas até agora nenhuma providência foi tomada”, destaca.
“É duro ver sua vida sendo destruída em poucas horas e não poder fazer nada. Eles prometeram voltar na manhã desta quinta-feira (15) para levar as madeiras das casas que já foram desmontadas e os animais de nossas criações. Nós não temos pra onde ir”, desabafa o agricultor.