Presos cinco marinheiros uruguaios acusados de abusos sexuais no Haiti
O Uruguai é um dos países com maior presença na Minustah
(Eduardo Munoz/Reuters)
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A justiça militar uruguaia decretou hoje a prisão de cinco marinheiros da Missão das Nações Unidas para a Estabilização do Haiti (Minustah), acusados de alegados abusos sexuais a um jovem daquele país, noticiou o El Mundo.
Pouco depois da meia-noite, o juiz militar que investiga o caso, Washington Vigliola, decretou a detenção dos implicados pelo crime de desobediência e incumprimento de dever, depois de terem sido interrogados durante todo o fim-de-semana, informou nesta segunda-feira o jornal El País do Uruguai, a partir de fontes militares.
As fontes do Ministério da Defesa, questionadas pela agência de notícia Efe, não puderam confirmar a informação e mantiveram a reserva sobre o caso, à semelhança do que aconteceu na sexta-feira passada com a chegada dos cinco soldados à capital do Uruguai, Montevideu.
Para além do processo militar, os acusados deverão também responder perante a justiça civil pela queixa-crime apresentada pelo Governo uruguaio, que teve de pedir desculpas às autoridades e ao povo haitiano pelo incidente e prometeu “sanções máximas” para os acusados.
Há três semanas, o Ministério da Defesa advertiu que os membros da Marinha do Uruguai tinham molestado um menor haitiano naquela ilha das Caraíbas, não dando mais detalhes sobre a denúncia.
O assunto tornou-se polémico poucos dias depois de ter sido difundido um vídeo na Internet gravado por um telemóvel que mostra quatro dos cinco acusados - o quinto está a filmar – a fazer pouco do mencionado jovem.
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Segundo um relatório da organização não-governamental Rede Nacional de Defesa dos Direitos Humanos (RNDDH) do Haiti, a alegada violação ocorreu no final de Julho, na localidade de Port Salut, no Sul do país. Para este caso foram levadas a cabo pelo menos três investigações, duas a cargo da Marinha e do Ministério da Defesa uruguaios e uma a cargo da ONU, que na terça-feira passada autorizou a repatriação dos militares.
A suposta agressão levou à condenação por parte do Presidente haitiano, Michel Martelly, e a várias manifestações contra a Minustah em Port au Prince.
A Missão das Nações Unidas para a Estabilização do Haiti admitiu que os supostos abusos foram prejudiciais, mas desmentiu que o caso tenha qualquer relação com a proposta que a organização apresentou ao Conselho de Segurança das Nações Unidas na sexta-feira para reduzir para 2750 os quase 12 mil efectivos do contingente presente no Haiti.
A missão conta actualmente com 7803 militares de 19 nacionalidades e 2136 polícias de 41 nacionalidades, 464 civis de 115 nacionalidades, 1239 civis locais e 207 voluntários das Nações Unidas, segundo a sua página na Internet. O Brasil, com 1280 militares, e o Uruguai, com 1136, são os países com maior presença.
PÚBLICO (Portugal)