Militares uruguaios dizem que episódio no Haiti foi "brincadeira"
Advogado de defesa de quatro dos cinco acusados afirmou que "nem foi nada sério"
Os cinco militares uruguaios acusados de abusar de um jovem haitiano durante a Minustah (Missão para a Estabilização do Haiti das Nações Unidas) declararam ao juiz que tudo foi "uma brincadeira", informaram fontes da defesa.
Segundo o advogado de defesa de quatro dos cinco acusados,Gastón Chavez, ao jornal El País, "não foi um abuso nem nada sério".
- Talvez algumas despedidas de solteiro sejam mais graves do que isso.
Chávez acrescentou que os marinheiros e a vítima eram amigos e que no início dessa amizade já haviam feito brincadeiras parecidas, como "cócegas e golpes com cinto".
Segundo ele, "gostando ou não o ministro Eleuterio Fernández Huidobro, foi uma brincadeira; se foi de mau gosto é outro assunto".
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Os militares testemunharam na última sexta-feira (23) diante do juiz penal Alejandro Guido. Este depoimento é a primeira fase do processo na Justiça civil, única autoridade competente para julgar a responsabilidade dos marinheiros no suposto abuso, trâmite que acontece paralelamente ao que continua na Justiça militar pelos delitos exclusivamente militares aparentemente cometidos.
Após a declaração dos marinheiros espera-se que a Procuradoria convoque a suposta vítima para prestar depoimento. A ideia seria ouvir os relatos do jovem por teleconferência ou viajar com o tribunal ao Haiti para falar com ele pessoalmente.Segundo fontes judiciais, sem a declaração da vítima é provável que o caso seja arquivado por falta de provas.
Os supostos abusos sexuais que aconteceram no fim de julho na cidade de Port Salut foram publicados na internet em um vídeo gravado com um celular. As imagens mostram quatro dos cinco envolvidos (o quinto é o que filma) possivelmente violando o jovem que está com o rosto virado para baixo, enquanto um deles está nu por trás dele.
Um relatório da ONG RNDDH (Rede Nacional de Defesa dos Direitos Humanos) do Haiti denunciou que a vítima foi abusada sexualmente duas vezes. A agressão motivou o pedido de desculpas públicas do presidente uruguaio, José Mujica.
A Minustah propôs na sexta-feira (23) ao Conselho de Segurança da ONU reduzir em 2.750 os quase 12 mil soldados integrantes das Missões de Paz no país caribenho. O Brasil, com 1.280 militares, e o Uruguai, com 1.136, são os países com maior participação no contingente militar.