17 de dezembro de 2011

HAITI: SOLDADOS BRASILEIROS SÃO INVESTIGADOS POR SUPOSTO ESPANCAMENTO

Haitianos foram espancados e roubados por brasileiros, diz ONG

Missão de paz da ONU investiga denúncias de 3 jovens contra 8 soldados
RENATA SUMMA
COLABORARAM ANA CLAUDIA COSTA E JAILTON DE CARVALHO
Imagem divulgada pelo site Defend.ht mostra jovens com ferimentos nas costas e nas nádegas
Após receber denúncias de que oito soldados brasileiros da missão da ONU no Haiti teriam espancado e deixado três jovens à beira da morte em La Salina, perto de Porto Príncipe, o ministro da Defesa, Celso Amorim, conversou nesta sexta-feira com o comandante da Minustah, que garantiu estar investigando as acusações. Amorim afirmou que, diante da investigação, não vai se pronunciar sobre o caso.
As denúncias foram apresentadas pela ONG Rede Nacional de Defesa dos Direitos Humanos (RNDDH). Sem confirmar ou negar as acusações, a Minustah afirmou que os responsáveis serão punidos caso seja identificada qualquer irregularidade.
Segundo Marie Yolaine Gilles, porta-voz da ONG, os homens consertavam um caminhão-pipa perto da capital quando foram abordados pelos brasileiros. Os três, Joseph Gilbert, Armos Bazile e Abel Joseph, foram revistados e obrigados a deitar de bruços. Foi então que os maus-tratos começaram.
- Os soldados nos chutavam com suas botas enquanto estávamos deitados - conta Joseph Gilbert numa gravação divulgada pela internet. - Depois, fomos levados para o carro deles, e eles pisavam em cima das nossas costas. Fomos levados ao pátio da escola La Saline, tiraram minha camiseta e minhas calças, e me bateram com um bastão. E então fizeram o mesmo com os outros dois.
De acordo com o relatório produzido pela RNDDH, os golpes foram tão fortes que os três homens ainda não conseguem ficar sentados. O relatório, de cinco páginas, diz ainda que os soldados brasileiros levaram tudo o que encontraram: celular, dinheiro, documentos e roupas. Mas foram surpreendidos por moradores do local, que ouviram os gritos e conseguiram anotar a placa do veículo da ONU.
As tropas da ONU no Haiti, que reúnem 12 mil soldados, foram alvo de diversas acusações ao longo de 2011, incluindo abuso de poder, corrupção e violações.
As últimas denúncias - apresentadas pela mesma ONG que acusa os brasileiros - levaram à prisão de cinco soldados uruguaios. Eles foram condenados pela Justiça Militar uruguaia por envolvimento em um caso de abuso sexual contra um jovem haitiano. Johnny Jean, de 18 anos, acusou os soldados de espancá-lo e estuprá-lo em fins de agosto, em uma base militar em Port Salut, no sul do Haiti.
Antes, as tropas da ONU já haviam acusadas de serem responsáveis por um surto de cólera que matou milhares de pessoas no Haiti. A doença não existia no país e, segundo pesquisas independentes, teria sido levada por um contingente do Nepal.
Embora tenha conquistado avanços na estabilização do país, a Minustah vem sendo alvo de protestos dos haitianos. O Brasil já estuda dar início à retirada das tropas do país, com uma redução do contingente no início de 2012.
O Globo/montedo.com

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