Depois da pacificação do Haiti, o general brasileiro Carlos Santos Cruz assume um desafio ainda maior: comandar a operação da ONU que quer pôr fim à sangrenta guerra civil do Congo
Pedro Marcondes de Moura

TROPA
O general Santos Cruz terá sob seu comando 20 mil soldados de 51 nacionalidades

Para resolver o conflito, o general Santos Cruz terá sob seu comando um efetivo de cerca de 20 mil soldados, de 51 nacionalidades. O Brasil, participante de operações da ONU no Haiti e no Líbano, não enviará tropas. Entre os integrantes, há um efetivo especial de 3.000 homens com a missão de realizar ações ofensivas no combate de grupos rebeldes. Eles representam uma nova mentalidade empregada em missões de paz pela ONU. Se antes as ordens de comando se limitavam a medidas defensivas ou de mediação, neste conflito entende-se que táticas de ataque podem e devem ser usadas na manutenção da estabilidade local. “Tenho 44 anos de Exército e pensei que o Haiti seria o grande desafio da minha carreira, mas essa nova missão é algo maior”, disse o comandante.
Segundo Ricardo Seitenfus, representante especial do Secretário Geral
da OEA, a escolha de Santos Cruz se deve mais a seus méritos pessoais
do que à crescente influência do Brasil em organismos internacionais.
“Ele demonstrou ser uma pessoa sensata e qualificada na missão do
Haiti”, opina Seitenfus. A opinião é compartilhada por Expedito Bastos,
pesquisador de assuntos militares da UFJF. “O convite mostra que temos
bom militares, mas o reconhecimento internacional do Brasil no contexto
das Forças Armadas só se dará quando atuarmos em conflitos de maiores
proporções”, avalia Bastos.
Foto: LOGAN ABASSI/AFP PHOTO – UNITED NATIONS PHOTOS
ISTO É/montedo.com