Tenente e sargento do Exército acusados de envolvimento na morte de três jovens perdem liberdade provisória
Renata Leal renata.leal@oglobo.com.br
O desembargador federal Abel Gomes, do Tribunal Regional Federal da 2 Região, determinou, na última sexta-feira, a volta do tenente Vinícius Ghidetti de Moraes e do sargento Leandro Maia Bueno, ambos do Exército, para a prisão. Os militares são acusados de participação na morte de três jovens moradores do Morro da Providência em 2008. Ambos estavam sob liberdade provisória.
No último dia 24, o juiz Erik Navarro, da 7 Vara Federal Criminal, entendeu que a prisão preventiva dos dois não era mais necessária e concedeu liberdade provisória aos acusados. De acordo com sua decisão, eles poderiam usufruir do benefício desde que não deixassem o Estado do Rio de Janeiro, comparecessem a todos os atos do processo e continuassem suspensos de suas funções no Exército.
Parentes das vítimas criticaram a decisão de Navarro, e, na semana passada, o procurador da República Marcello Miller, que acompanha o caso, apresentou um recurso junto ao Tribunal Regional Federal da 2 Região. Ele pediu que o tenente e o sargento aguardem o julgamento, ainda sem data marcada, sob custódia permanente.
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- A decisão me pareceu equivocada e acredito que esse é um caso que mexe profundamente com a ideia de direitos humanos de toda a sociedade. Não acho admissível que duas pessoas, que se mostraram tão perigosas, possam aguardar o julgamento em liberdade, ainda mais havendo parentes das vítimas entre os convocados para prestar depoimentos ao júri - afirmou Miller.
Para procurador, julgamento deve acontecer este ano
Na noite de sexta-feira passada, os novos mandados de prisão expedidos contra Ghidetti de Moraes e Maia Bueno foram enviados para a Polícia Federal.
- O júri aguarda a finalização de uma maquete digital que mostrará onde os acusados entregaram as vítimas para traficantes de drogas, que acabaram executando os jovens. Em 8 de agosto, o Instituto Nacional de Criminalística da Polícia Federal informou que, dentro de um prazo de 30 dias, esse material estaria concluído. Acredito que até o fim do ano haverá condições para a realização do julgamento - disse Miller.
O GLOBO