Ministério Público Federal investiga confronto entre militares e moradores no Complexo do Alemão
O Ministério Público Federal (MPF) no Rio de Janeiro irá ouvir nesta segunda-feira o general responsável pela Força de Pacificação do Complexo do Alemão, Cesar Leme Justo, sobre o tumulto neste domingo, envolvendo militares e moradores do Morro da Alvorada, no Complexo . Um vídeo gravado por moradores mostra os soldados recuados atirando arma de bala de borracha, além de empregar spray de pimenta. O conflito acabou com vários feridos e três detidos. O general Justo disse na manhã desta segunda-feira, após uma visita à comunidade, que, caso fique comprovado que houve excesso da tropa na força utilizada para conter o tumulto, os culpados serão responsabilizados.
De acordo com o general, os vídeos analisados mostram claramente que os moradores atiraram objetos em cima dos soldados, mas, caso seja comprovado que a reação dos oficiais foi exagerada, as responsabilidades serão apuradas. O militar acrescentou que nesta segunda-feira há 1.300 soldados no complexo, o mesmo efetivo desde o início da ocupação. O reforço policial ocorreu apenas no confronto.
Os moradores contam que o tumulto teve início após um grupo de dez soldados do Exército entrar num bar, onde muitos assistiam a um jogo, pedindo para abaixar o som. Ainda de acordo com moradores, os oficiais já chegaram agindo com violência, usando armas como gás de pimenta.
O tumulto ganhou as ruas e só se encerrou com a chegada do reforço. O general da força afirma que os oficiais foram ao bar para verificar denúncias de tráfico de drogas no local. O clima na comunidade no momento é tranquilo. Existia uma manifestação programada para esta terça-feira, mas foi cancelada pelos moradores. Até o momento, não houve mais protestos.
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Elaine de Moraes, de 16 anos, foi atingida por uma bala de borracha e atendida no Hospital Getúlio Vargas, na Penha. Ela levou pontos na parte interna da boca e nos lábios. Elaine passava pela rua no momento do confronto.
A Força de Pacificação que atua na comunidade disse que dez integrantes da tropa faziam uma ronda a pé pela comunidade, quando um homem, não identificado, que assistia a um jogo de futebol em um bar, começou a hostilizá-los. O episódio ocorreu a 50 metros da estação do teleférico Itararé.
As procuradoras da República Gisele Porto e Aline Caixeta irão ouvir também moradores para saber mais detalhes do incidente e investigar se houve excesso na atuação dos militares.
O MPF já investiga outra situação similar que aconteceu no dia 24 de julho na Vila Cruzeiro, quando militares usaram spray de pimenta e balas de borracha contra moradores que estavam em um bar.
Desde o início da ocupação no Complexo do Alemão e na Vila Cruzeiro, o Ministério Público Federal acompanha a atuação dos militares. Em abril desse ano, o MPF realizou audiência pública para ouvir relatos de moradores sobre atuação do Exército nas comunidades.
O GLOBO