Tristeza e revolta marcaram o enterro do recruta do Exército
Tristeza e revolta marcaram o enterro do recruta do Exército Brasileiro Hércules Sousa Reis, 19 anos. O militar morreu afogado na manhã da última quinta-feira, durante um treinamento no Campo de Instrução e Adestramento de Brasília, localizado numa reserva próximo a Santa Maria. No sepultamento, que ocorreu ontem no Cemitério Campo da Esperança, colegas e parentes de Hércules cobraram explicações do alto escalão do Exército.
Durante a cerimônia, o professor de jiu-jítsu do ex-recruta, Alexandre Bianchi, pediu a palavra e fez um discurso firme. “O sonho do garoto era defender a pátria. Essa deveria ser uma reunião feliz, mas ele acabou voltando para casa em um caixão”, desabafou. Emocionado, também dirigiu a palavra aos representantes do Exército que estavam no local. “Peço ao senhor, major, que interceda e olhe com mais carinho para os próximos recrutas”, clamou.
Faixa roxa de jiu-jitsu, Hércules sonhava em ser lutador profissional. “Ele já estava treinando forte para isso. Era seu grande sonho e tenho certeza que ele ia realizá-lo porque era uma pessoa muito perseverante”, contou a namorada Andressa Pereira da Costa, 17 anos. Por ter um excelente preparo físico, ninguém imaginava que o rapaz pudesse perder a vida durante um treino.
O Exército abriu uma sindicância para investigar as causas da morte. A Polícia Civil também acompanhará o caso. A família registrou o boletim de ocorrência na 3ª Delegacia de Polícia (Cruzeiro), mas as apurações serão conduzidas pela 33ª DP (Santa Maria), cidade onde ocorreu o episódio trágico. Os pais de Hérculos, abalados, preferiram não falar durante o enterro. O tio Irineu Leite Gomes, 43 anos, reuniu forças para desabafar. “A família está extremamente revoltada com esse descaso. O que aconteceu é inexplicável, ainda mais com um atleta. Queremos, agora, que o Exército dê apoio à família, que está sofrendo muito. É o mínimo que eles podem fazer.”
Correio Braziliense, via blog do Lomeu/montedo.com