10 de dezembro de 2012

FX-2: cooperação francesa na construção de submarino nuclear pode facilitar venda dos Rafale

Franceses tentam pelo mar acertar o céu do Brasil
Construção de submarinos pode ajudar a vender aviões caça

PAULO MAIA
A intenção de vender aviões caça para o Brasil é alimentada com vigor pela França. Não foi à toa que os franceses assumiram parte de um dos maiores projetos da Marinha brasileira: a construção do primeiro submarino de propulsão nuclear e de outros quatro convencionais, movidos por sistema eletro-diesel.
Orçado em R$ 7,8 bilhões, o Programa de Desenvolvimento de Submarinos (Prosub), iniciado em 2010, conta com a transferência de tecnologia da DCNS, empresa ligada ao governo francês que integra o consórcio Itaguaí Construções Navais (ICN) juntamente com a brasileira Odebrecht. Sob a supervisão da Marinha, elas já constroem complexo em Itaguaí, centro geográfico de áreas de exploração de petróleo, no Sul do Estado do Rio.
Marinha supervisiona trabalho de soldagem de estruturas internas na unidade da Nuclep | Foto: Severino Silva / Agência O Dia
Marinha supervisiona trabalho de soldagem de estruturas internas na unidade da Nuclep | Foto: Severino Silva / Agência O Dia
ENRIQUECIMENTO DE URÂNIO
“É uma forma de se aproximar do Brasil”, confirmou o diretor-presidente da DCNS Brasil Eric Berthelot, durante visita às obras de construção do estaleiro e da base naval onde serão feitos os primeiros testes com os submarinos brasileiros.
“O submarino flutua e o Rafale voa. Cada projeto é diferente. O que pode ser usado como exemplo é a maneira de transferência de tecnologia. Isso é o exemplo do que uma empresa francesa pode fazer em um grande projeto”, disse o executivo.
Segundo o almirante Alan Paes Leme Arthou, responsável pela construção do complexo de Itaguaí, a transferência de tecnologia não incluiu a área nuclear. “Por isso, tivemos que aprender a enriquecer urânio”, destacou Arthou.

Embarcação de propulsão nuclear deve sair em 2022
Parte do primeiro submarino convencional já está sendo feito na Nuclebrás Equipamentos Pesados (Nuclep). Depois de passar pela fase de soldagem, as estruturas primárias, chamadas de seções, seguirão para a Unidade de Fabricação de Estruturas Metálicas (Ufem), que tem 95% de maquinário nacional, onde serão adicionadas outras estruturas internas e equipamentos eletrônicos.
Em seguida, o submarino vai a testes até ser lançado ao mar para entrar em operação. O primeiro convencional deve ficar pronto em 2015, mas só opera em 2017. Já o de propulsão nuclear, que sozinho custou R$ 2 bilhões, começa a ser construído em 2016. Ele será lançado ao mar em 2022, mas só deverá operar em 2024.
No complexo de Itaguaí, o consórcio abriu um túnel para encurtar a distância entre a Ufem e o estaleiro. No local haverá uma base naval. Ao todo, cerca de 9 mil homens trabalham nas obras.
“Não sou muito chegado à profundidade, mas gostaria de conhecer um submarino por dentro”, revela Joselito Moreira, ajudante de produção.

“É a defesa do nosso mar”
Segundo o almirante Alan Arthou, o objetivo do Programa de Desenvolvimento de Submarinos é garantir a defesa das áreas costeiras, principalmente a região chamada ‘Amazõnia Azul’.
A ideia inicial é avaliar o projeto e usá-lo como base para a construção de outros três submarinos nucleares e mais dois convencionais.
Os submarinos convencionais possuem cerca de 68 metros de comprimento e seis de diâmetro. Já os de propulsão nuclear têm 100 metros de comprimento e dez de diâmetro.
O Brasil desenvolveu uma tecnologia própria de enriquecimento de urânio, que é feito em Iperó, em São Paulo. A transferência de tecnologia francesa inclui operação de equipamentos e do próprio submarino.
O Brasil é o sexto país em reserva de urânio, com apenas 30% do território prospectados.

Profissionais já estão em treinamento
A carreira dos submarinistas que servirão no submarino de propulsão nuclear ainda não foi definida pela Marinha. Enquanto isso, cerca de 20 militares, que já foram para a França estudar a tecnologia que será transferida para o Brasil, integram o 1º grupo do Laboratório de Geração Núcleo-Elétrica (Labgene), no Estado de São Paulo.
Lá eles aprendem a operar reatores. Todos fazem provas anuais da Comissão Nacional de Energia Nuclear.
O Dia Online/montedo.com

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