Embriagados, militares usam fuzil para fazer falsa blitz na Lapa
Dupla do Exército faz parte da Força de Pacificação na Maré
Maré está ocupada desde abril: dupla foi de ambulância para a Lapa
Foto: Alessandro Costa / Agência O Dia
|
ADRIANA CRUZ
Rio - Embriagados e armados com um Fuzil Automático Leve (FAL), calibre 7.62, e uma pistola 9 mm, um aspirante a oficial-médico e um soldado, ambos da Força de Pacificação do Exército que atua na Maré, decidiram fazer uma espécie de blitz a pé na Lapa, entre a noite de sexta-feira e a madrugada de sábado. De armamento em punho, eles paravam as pessoas nas ruas, as revistavam e ainda as obrigavam a mostrar os documentos. Acabaram presos.
A ação da dupla, que usou até uma ambulância do 25º Batalhão de Logística, começou na Rua Joaquim Silva, perto da Escadaria Selarón. Ali, eles fizeram fotos, abordaram pedestres e abandonaram o veículo. O comportamento, completamente fora dos padrões militares, chamou a atenção de agentes da Polícia Civil, que acionaram policiais militares que atuavam na Operação Lapa Presente.
Na Avenida Gomes Freire, à 0h10, os militares do Exército foram parados por três PMs. Eles acabaram desarmados e revistados pelos policiais militares, que pediram a presença de agentes da Polícia Civil. Em seguida, foram encaminhados para a 5ª DP (Gomes Freire). Na delegacia, os agentes acionaram outros militares do Exército, que os levaram para Delegacia de Polícia Judiciária Militar (DPJM) baseada na Maré.
Penas chegam a seis anos
Identificados como aspirante Gonzaga e soldado Ribeiro Silva, eles foram presos em flagrante e submetidos a exame de higidez física para identificar a embriaguez. A dupla vai responder pelos crimes de abandono de posto e embriaguez em serviço. Um deles ainda terá que explicar o furto de armamento de outro militar. As penas variam de três meses a seis anos de prisão.
Em nota, o Comando Militar do Leste (CML) informou que, segundo o Comando da Força de Pacificação da Maré, os dois militares deixaram sem autorização o posto. Um deles ainda levou, sem autorização, o armamento para a Lapa.
“Assim que a Força de Pacificação tomou conhecimento da ocorrência, uma equipe foi acionada e deslocada para a delegacia para fazer o recolhimento dos militares, armamento e ambulância”, informou o CML, que ressaltou: “O Exército Brasileiro repudia todo e qualquer ato que infrinja a legislação vigente, sendo o maior interessado em esclarecer e adotar as medidas disciplinares cabíveis”. A Força Armada informou ainda que abriu um Inquérito Policial Militar (IPM) para apurar o caso.
O Dia/montedo.com