17 de julho de 2010

SOLDADOS DO EXÉRCITO ADESTRAM CÃES FAREJADORES EM CRATEÚS

 
Combater às drogas e auxiliar na segurança é o intuito do adestramento de cães feito, de forma pioneira, em Crateús 
Silvania Claudino (Texto e fotos)
Especial para o Regional
Todos os dias, pela manhã e à tarde, três militares, cabo Leonardo, soldados Oliveira e F. Batista, passam 40 minutos do seu tempo de trabalho no quartel do 40° Batalhão de Infantaria, em Crateús, ao lado de cães, dedicando-lhes atenção e treinamento. Os três são adestradores e preparam os cães para trabalharem, na região dos Inhamuns, como auxiliares na segurança pública. Boris, Bromer e Mel são os personagens principais deste trabalho pioneiro de segurança com animais realizado no Interior do Estado. Os três cães, dois rottweiler e a cadela pastor belga malinois, são adestrados para atuarem no farejamento de drogas e ataque. Mel como farejadora de maconha e os dois para o ataque.Os três, atualmente com idade de um ano e quatro meses, chegaram ao quartel há pouco mais de um ano. Ela veio de João Pessoa, na Paraíba, e os dois irmãos de Fortaleza. Os responsáveis pelo adestramento dos animais realizam o trabalho subordinados à coordenação do tenente Bruno Gomes, que acompanha, orienta e cuida da parte logística do trabalho.

"É um trabalho social que tenciona, em um futuro breve, inibir o uso e o tráfico de drogas", revela o tenente Bruno Gomes. Apesar desta não ser a missão principal do Exército, que é defender a pátria e garantir os poderes constitucionais, "podemos, de forma secundária, com a devida solicitação e autorização, atuarmos em operações de Garantia da Lei e da Ordem (GLO)", destaca o coordenador.
Treinar cães para o farejamento de drogas significa tirar proveito das duas principais características dos cães que desempenham essa função: faro apurado e personalidade curiosa. Antes de farejar em malas, carros ou pessoas, em geral nos locais de grande fluxo de gente ou mercadorias, como alfândegas, aeroportos e terminais rodoviários, os cães passam por meses de treinamento, quando aprendem, inicialmente, os comandos de obediência, para, em seguida, identificar os diversos tipos de drogas, depois a se comportar em público. No caso de Crateús, a Mel está sendo adestrada para encontrar maconha, por ser a droga mais acessível e popular. E os dois rottweiler, pelas enormes mandíbulas e temperamento explosivo, são treinados para o ataque.

Etapas
O trabalho no canil do quartel começa com a obediência e socialização, cujos comandos básicos como sentar, parar, ficar, deitar, rolar e, ainda, atender ao chamado do militar, são fundamentais para o trabalho que virá em seguida. Na etapa seguinte, o animal é apresentado a um brinquedo, com o qual ele mantém um vínculo de afeto. Ele é treinado para apegar-se e encontrar este objeto em qualquer local que esteja escondido. Daí é que entra em contato com o odor típico da droga, que é acondicionada dentro do tal brinquedo, que em geral são tubos de PVC, mangueiras de borracha ou em pequenas bolsas.
Após o cão se acostumar com o cheiro da droga, os "brinquedinhos" são escondidos para que ele os encontre. O grau de dificuldade do exercício aumenta com o tempo. A pastor Mel já está praticamente pronta para trabalhar, pois já encontra o brinquedo com rapidez. E os outros dois já estão atacando com firmeza e muita força.
Um elemento importante no treinamento são os brindes - objetos e alimentos ofertados ao animal pelo adestrador sempre que ele cumpre a tarefa pedida. Seria o que na psicologia se chama de reforço positivo, uma espécie de prêmio. No caso dos cães não tem incentivo melhor do que tirinhas de salsicha ou o "click", objeto que o adestrador habitua a usar desde o início do treinamento e que faz um barulhinho característico. O treinamento começa por volta de três meses de idade do cão. Tudo isso guiado pela paciência e prazer dos adestradores.

FARO APURADO
Raças mais utilizadas no combate ao tráfico de droga
A escolha dos cachorros para o emprego de caça bagulhos se deu em função de seu olfato poderoso. Labrador, golden retriever, pastor alemão e pastor belga malinois são as raças mais usadas no combate ao tráfico de drogas. Esses cães têm um faro apuradíssimo, graças aos seus mais de 200 milhões de células olfativas.
O fox-terrier, por exemplo, tem 147 milhões, enquanto que nós, humanos, temos somente 5 milhões. Eles começaram a ser usados para farejar substâncias ilegais no fim dos anos 60, durante a Guerra do Vietnã (1959-1975), quando o consumo de heroína entre soldados americanos tornou-se um sério problema para o Exército dos Estados Unidos da América (EUA). Com o tempo, o focinho afiado deixou de ser o único pré-requisito para o posto.
A capacidade olfativa era um fator decisivo na seleção dos animais, mas, hoje, o que qualifica, de fato, um cão é o seu interesse por procurar e encontrar objetos.
Devido a este faro apurado, além de farejar drogas, os cães podem desempenhar, com perícia, várias tarefas. De resgate, localizando sobreviventes ou cadáveres soterrados sob escombros e até crianças perdidas.
Também atuam muito bem como guia de cegos. Neste caso é importante que o animal seja paciente, dócil e determinado. Eles podem, ainda, serem utilizados como farejadores de minérios, como cobre e níquel.
MAIS INFORMAÇÕES:
40° Batalhão de Infantaria - BR 226 - km 3
Bairro Venâncios - Crateús/CE
(88) 3691.2590

Arquivo do blog

Compartilhar no WhatsApp
Real Time Web Analytics