12 de fevereiro de 2011

TESOURADA DE DILMA DEVE CORTAR CONSTRUÇÃO DE PNR E OCUPAÇÃO MILITAR DA FRONTEIRA

Corte no Orçamento ameaça projetos das Forças Armadas
Decreto que definirá as áreas afetadas pelos cortes nos gastos da administração pública deve reduzir os recursos repassados às Forças Armadas e comprometer vários programas militares

Por Tiago Pariz, Rossana Hessel e Leandro Kleber 
A tesourada de R$ 50 bilhões no Orçamento de 2011, anunciada para reverter a aceleração da inflação este ano, colocou projetos das Forças Armadas sob ameaça. O principal programa que deve ser afetado é a construção do submarino de propulsão nuclear, que envolve cerca de R$ 1,1 bilhão neste ano. O corte vai afetar também ações voltadas para a educação básica e pesquisas em ciência e tecnologia, além de unidades de atenção especializada em saúde e infraestrutura turística. Até a sensível aérea de energia está na mira do freio da presidente Dilma Rousseff.
Como somente o Programa de Aceleração do Crescimento (PAC) e as ações sociais estão preservadas – o governo vai conceder o reajuste dos benefícios do Bolsa-Família de acordo com a inflação do ano passado – sobram R$ 37 bilhões de investimentos passíveis de serem excluídos do Orçamento. A meta é fazer um superávit primário (economia para o pagamento de juros da dívida pública) de R$ 117,9 bilhões.
Nas Forças Armadas, a modernização de equipamentos, a implantação de novos sistemas bélicos e até a construção de unidades habitacionais para os militares estão sob risco. Somando os projetos que podem sofrer com a tesoura, chega-se à cifra de R$ 1,96 bilhão. Na Aeronáutica, o enxugamento deverá afetar a aquisição de aeronaves, dentro do programa de reaparelhamento e adequação da Força Aérea Brasileira (FAB), que tem R$ 231 milhões previstos para este ano, além da manutenção e da revitalização de aeronaves antigas, que tem R$ 320 milhões reservados na peça orçamentária. No Exército, o programa ameaçado é o de modernização operacional, estimado em R$ 196 milhões. O corte de R$ 50 bilhões também colocou na lista vermelha a presença de militares nas áreas de fronteira.
O ministro da Defesa, Nelson Jobim, reuniu-se ontem com a presidente Dilma Rousseff para tentar sensibilizá-la a poupar os investimentos das Forças Armadas, lembrando que a aquisição de novos caças pela Aeronáutica está emperrada desde o governo de Luiz Inácio Lula da Silva. Se a tesoura afetar os investimentos, será um baque para Jobim, que luta para a consolidação do ministério e pela modernização militar do país.
O ESTADO DE MINAS

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