3 de novembro de 2011

TECNOLOGIA: ROBÔS SALVAM VIDAS NO CAMPO DE BATALHA

Robôs roubam a cena no campo de batalha e salvam vidas
Nano Colibri mede 16 centímetros e imita um beija-flor, inclusive bate asas, 
para fazer vigilância sem ser percebido - Foto: AeroViroment/Divulgação


DEBORAH SALVES
Eles podem até não ter a aparência moderna de Eva, a robô que vem à Terra para salvar a raça humana, no filme Wall-E, mas os robôs militares que existem atualmente seguem o mesmo princípio: salvar vidas. De um jeito ou de outro, mesmo que de forma menos romântica que o casal da animação da animação da Pixar, a robótica dos organismos de defesa tem se centrado em evitar a morte dos combatentes e das populações civis.
Os robôs utilizados por militares, ao contrário dos humanoides e androides domésticos, executam atividades que os humanos não conseguem fazer. Ou, em outros casos, subsitituem os humanos em ações que poderiam resultar em perdas de efetivo, no caso de conflitos.
Exemplos deste segundo objetivo são os veículos não-tripulados: aeronaves, tanques e barcos autônomos, usados principalmente para as funções de inteligência, vigilância e reconhecimento de terrenos (IRS, na sigla em inglês). Caso abatidos, como não têm ninguém dentro, não resultam em morte - ou, em outras palavras, salvam vidas. Além disso, se não há um tripulante, uma série de partes do veículo - como a cabine e o sistema de ar respirável - não precisam existir, o que diminui o peso e permite, entre outras coisas, aumentar o espaço de carga, melhorar o consumo de combustível (e o tempo de funcionamento) e diminuir o tamanho do dispositivo.
Essa diminuição, na verdade, é relativa. A família Global Hawk, por exemplo, tem aeronaves de 13,5 m e de 14,5 m de comprimento, o que não é tão pequeno assim. OS aviões não-tripulados militares, desenvolvidas pela Northrop Grumman com patrocínio da Darpa, agência de pesquisa para fins militares dos Estados Unidos, podem voar a mais de 18 km de altitude - duas vezes mais do que um avião comercial. A autossuficiência é de mais de 22 mil km, ou metade da circunferência da terra, e o tempo de voo ultrapassa 32 horas. Operadores da base programam a rota e depois acompanham o trajeto a partir de sinais de satélite e de comunicação visual.
Outra linha de aeronaves não-tripuladas, também usada pelo Ministério de Defesa norte-americano, é a Predator, da General Atomics. O nome, que em inglês significa predador, já é uma dica de qual o diferencial da família: os aviões são armados com mísseis, armas disparadas por operadores humanos à distância. As aeronaves viajam têm altitude máxima entre 7,6 km e 16 km, e podem ficar entre 20 e 40 horas no ar - dependendo da velocidade, de até 710 km/h no caso do Predator C Avenger, que afeta o consumo de combustível.
Mas nem só de grandes exemplares vive a robótica militar. Para determinadas missões, quanto menor e mais discreto for o robô, melhor. Em fevereiro deste ano, por exemplo, uma empresa que desenvolve projetos para a Darpa apresentou o Nano Colibri, um robô de 16 cm que imita um beija-flor. E não é só em tamanho e forma: ele realmente bate asas para se manter no ar. Equipado com uma câmera e com capacidade de até 11 horas de voo, o dispositivo pode ser usado para reconhecimento de áreas onde os soldados não conseguem entrar, entre outras funcionalidades.
Também voadores e pequenos são os Phoenix, hexacópteros da TiaLinx. Semelhantes a helicópteros, só que com oito pás, as aeronaves não-tripuladas da família têm como principal função detectar movimento e respiração a uma profundidade de até 30 metros. Graças a isso, o robô se torna útil militarmente para encontrar inimigos escondidos em prédios - a máquina pousa sobre o teto e escaneia um prédio, por exemplo - e, em casos de desastres, pode encontrar sobreviventes sob escombros, entre outras funcionalidades. Além do sensor, o mini-helicóptero também tem uma câmera na parte inferior, e pode servir para vigilância e reconhecimento.
No meio do caminho entre pequenos e grandes está o BigDog, robô desenvolvido também com financiamento da Darpa pela Boston Dynamics. O nome, cachorro grande, em tradução literal, explica bem como ele funciona: com quatro "patas" articuladas. Os "joelhos" do equipamento permitem que ele ande, corra e escale terrenos acidentados, atividade inviável à maioria dos dispositivos com rodas. Mas atravessar esses pisos é apenas uma característica do equipamento, cuja função real é carregar peso - até 154 kg. Para se guiar, ele usa sensores e câmeras, e quando acompanha um grupo de combatentes se mantém atrás do líder, que usa um colete com bandas reflexivas. Um vídeo deste robô em ação pode ser visto pelo atalho http://bit.ly/rMZ7Nf.
A inspiração na movimentação dos animais também está presente na Modular Snake Robot, desenvolvida pela universidade norte-americana Carnegie Mellon. Ela tem a capacidade de locomoção de uma cobra, graças a uma espécie de "espinha dorsal" que conecta os módulos que a compõem, e pode escalar postes e atravessar caminhos muito estreitos - o que permitiria seu acesso a locais onde seres humanos não conseguiriam chegar.
Sapos, ou talvez grilos, poderiam ter inspirado a Sandia National Laboratories a desenvolver o Precision Urban Hopper. O robô saltador, criado com apoio da Darma, tem quatro rodas para a movimentação regular e uma "perna" extra, ativada por um pistão, para pular obstáculos de até 7,5 metros de altura. O "pulo", segundo a fabricante, seria muito mais rápido e economizaria combustível em relação a equipamentos que escalam as barreiras. Para garantir que nada será danificado na queda, o robô tem um sistema de amortecimento de impacto. A fabricante indica o uso para monitoramento de áreas urbanas, vigilância e resgate em locais de terreno acidentado. Veja aqui um vídeo do robô pulando uma cerca.

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