O Batalhão de Suez
Juliana Gomes
Há 55 anos, o Exército do Brasil, ao lado de outros nove países, constituiu a primeira força de paz da ONU enviada ao Oriente Médio.
Embarque de soldados gaúchos do Batalhão de Suez em 1963. Foto: Banco de dados, 4/7/1963
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Morador de Santo Cristo, no Noroeste, o alagoano José Ênid Ribeiro, 75 anos, fez parte do grupo de 6,3 mil homens que formaram o Batalhão de Suez.
José Ênid Ribeiro. Foto: arquivo pessoal |
A intervenção diplomática e militar na Fronteira Árabe-Israelense, durante o conflito entre Israel e Egito e nos anos posteriores, teve início em 1957 e durou 10 anos. A finalidade era separar forças egípcias e israelenses. Os boinas azuis, como eram chamados, atuaram no processo de paz instaurado no deserto do Sinai, na Faixa de Gaza e em Jerusalém.
Ribeiro (de camisa listrada, ao centro) e outros militares em Jerusalém. Foto: arquivo pessoal |
Em 1961, aos 25 anos, Ribeiro saiu do Rio de Janeiro para uma viagem de navio por 25 dias até o Egito. Ao aportar, organizava eventos para divulgação da cultura brasileira. Apresentações musicais e exposições fotográficas compunham o trabalho. Lembranças que ficaram registradas em 5 mil slides.
Do Egito, o então sargento viajou de trem ao longo do Canal de Suez até chegar à Palestina. Até 1963, sua função era chefiar a concessão de licenças para militares brasileiros saírem da Faixa de Gaza. Além disso, participava da patrulha às fronteiras da linha de demarcação entre árabes e israelenses. Dessa experiência, ficou a fluência em árabe, inglês, italiano e francês. Além disso, as recordações dolorosas de um ambiente de guerra.
- Numa ocasião, tive que recorrer a um hospital civil e me deparei com pessoas mutiladas, desfiguradas. Tudo aquilo que a gente acha que só existe no cinema pude ver na prática - relata Ribeiro.
Em 2009, o coronel da reserva José Ênid Ribeiro casou-se com uma gaúcha e mudou-se para Santo Cristo, onde atualmente tem um empreendimento imobiliário e um jornal.
Almanaque Gaúcho (ZH)/montedo.com