ATAQUE DE TUBARÃO: 20 ANOS
Certidão de óbito comprova que soldado foi morto em ataque de tubarão
Reportagem do JC teve acesso ao documento, que revela que Darlan dos Santos Luz morreu por hemorragia provocada por animais de grande porte
Recife - A comprovação de que casos são subnotificados, suspeita levantada por médicos-legistas e bombeiros, é um dos temas desta sexta-feira (29) da série de reportagens Ataque de tubarão: 20 anos. Cópia de certidão de óbito, entregue ao JC pelo pai de uma das vítimas ocultadas, comprova a morte por hemorragia depois das mordidas. Veja, ainda, como foi o protesto dsta quinta (28), data do primeiro ataque oficialmente registrado, na Praia de Piedade. Sábado (30), último dia da série, conheça um estudo sobre os problemas psicológicos dos sobreviventes.
Pai de Darlan olha a foto do filho pequeno - Fotos: Hélia Scheppa
Textos: Carlos Eduardo Santos e Verônica Falcão
A morte do soldado da Aeronáutica Darlan dos Santos Luz, em 3 de setembro de 2006, aos 21 anos, provocou dissidências no Comitê Estadual de Monitoramento de Incidentes com Tubarões (Cemit). Médicos-legistas que defendiam a inclusão dele na lista das vítimas, hoje totalizando 55, 20 delas fatais, deixaram a entidade. Agora, cinco anos depois da briga, que expôs a possibilidade de subnotificação de casos, o JC teve acesso à certidão de óbito dele.
O laudo é taxativo. Aponta como “causa da morte hemorragia externa decorrente de ferimentos corto-contusos em tronco e membros provocados por animais marinhos de grande porte.” Ou seja, Darlan foi atacado por um tubarão, na frente do Edifício Holliday, em Boa Viagem.
O documento, guardado junto a fotos e objetos pessoais de Darlan pelo pai dele, o ambulante Edvaldo Severino da Luz Filho, 61, é uma prova de que o Cemit esconde o número real de vítimas, que pode chegar a uma centena, segundo o tenente-coronel bombeiro da reserva Neyff Souza, pesquisador autodidata do assunto.
“Não tenho dúvida de que Darlan foi atacado. Ele desapareceu de tarde, às 13h, num domingo. No dia seguinte, quando os bombeiros acharam o corpo, na frente do Edifício Castelinho, mais ou menos 10h, eu estava na praia procurando também. Vi na barriga e na perna dele as marcas dos dentes do bicho. Foi horrível. Nem era preciso ser especialista pra saber que aquilo era mordida de tubarão”, relata Edvaldo.
O ambulante lembra que, na época do ataque, a praia ainda não era sinalizada. As placas, hoje 150 ao todo, entre educativas e de advertência, passaram a ser afixadas na orla, de Olinda ao Paiva, em 2007, por exigência do Ministério Público Federal. Por isso Edvaldo, que mora numa casa alugada no Jordão Baixo, Zona Sul do Recife, pretende processar o governo do Estado.
Leia mais sobre o caso Darlan, a sugestão do GBMar de criar uma nova lsita e como foi o protesto em frente à Igrejinha de Piedade, na edição desta sexta-feira (29) do Jornal do Commercio.
JC/montedo.com