11 de dezembro de 2012

Indústria de Material Bélico

Gélio Fregapani

Quem não fabrica suas próprias armas não é independente. Quando muito pode ser uma “Força Auxiliar” de um Império aliado.
Há quase cem anos, em 1932, São Paulo demonstrou que não fazíamos armas porque não queríamos, em função do nosso complexo de vira-latas. Posteriormente, criamos uma indústria de defesa privada, mas realmente nacional – a Avibrás com tecnologia própria desenvolveu o “Astros”, míssil de grande sucesso em guerras no Oriente Médio; a Engesa os blindados Cascavel e Urutu e conseguiu produzir o tanque Osório, o melhor do mundo na época. Os produtos tinham tal nível de qualidade que venceram cada concorrência da qual participavam, mas isto acabou. A atuação dos EUA e suas multinacionais no Brasil, com a cumplicidade de Collor destruiu inicialmente a Engesa e em seguida desmantelou quase totalmente nossa indústria de defesa, terres tre e naval. Mal sobrou a Avibrás, que, sem encomendas, sobreviveu fabricando antenas, enquanto aguarda a hora de ressurgir.
Atualmente há sinais de reativação de encomendas na indústria de material de defesa, mas a ainda existente indústria bélica nacional quando não é estrangeira está sendo comprada por empresas estrangeiras com o apoio de seus respectivos governos ou o que é pior são mortas no nascedouro pelo mau uso da burocracia paralisante, talvez ao comando dos lobbies estrangeiras. As recém nascidas indústrias bélicas de alta tecnologia recebem ofertas irresistíveis, e assim rumamos para a desnacionalização total
Os telegramas diplomáticos revelados pelo Wikileaks revelam que a Casa Branca ainda atua para impedir, dificultar e sabotar o desenvolvimento tecnológico militar brasileiro principalmente quanto a energia nuclear e tecnologia espacial, lamentavelmente com a colaboração de traidores, em sintonia com os interesses estratégicos do Departamento de Estado dos EUA. Entretanto, chama a atenção a situação da munição leve – de fuzis e submetralhadoras. A CBC, a única fabricante, apesar do nome, provavelmente não é brasileira, pois seu controle está nas ilhas Cayman. Empresários brasileiros que se propõe a fabricar munição, em vez de facilidades, encontram tantos problemas que dá para desconfiar se algum inter esse oculto existe para impedir que se estabeleçam. Acabarão fabricando no Peru ou no Paraguai. Aliás, já há brasileiros fabricando nos EUA.
É hora de dar um basta. Se queremos uma indústria de defesa, ela tem de ser nacional, com o capital controlado por brasileiros. Um país não tem amigos, tem seus interesses. Aliados só valem até o momento em que os interesses deles conflitam com os nossos.

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