Opinião
Militares do Exército na Maré (Imagem: Negro Belchior/Carta Capital) |
Vinicius Domingues *
Nenhum cidadão quer que as Forças Armadas sejam empregadas para representar a figura de espantalho na horta
Rio - O General Douglas MacArthur frente ao impasse na Coreia disse certa vez que, numa guerra não havia substituto para a vitória. Mesmo achando temerária a sua ideia de travar uma guerra com a China acredito que a sua citação encerrava muita sabedoria. Ninguém vai à guerra senão para obter uma paz em melhores condições. Contudo, aqui, nós pegamos a mania de empenhar as Forças Armadas em ações de polícia, sem lhes permitir fazer aquilo para o qual elas são projetadas, que é esforçar-se sempre para ganhar todas as guerras!
Aqui, as mesmas autoridades civis que pensam ser fácil designar quaisquer missões para as Forças Armadas normalmente não pensam nas implicações e nos desdobramentos. A ideia de empregar tropas numa ocupação de área de complicada topografia pressupõe manter toda a extensão de favelas sob vigilância, circular em toda parte, inspecionar pessoas, veículos e eventualmente residências, além de deter, interagir com a população, dissuadindo pela presença ostensiva e atuante. Se isso não ocorrer, a imagem da instituição militar poderá ficar francamente comprometida. Por isso, em uma operação como essa nas favelas da Maré, a credibilidade dos militares é posta em xeque a todo momento.
Nenhum cidadão consciente deseja que as Forças sejam empregadas apenas para representar a desmoralizante figura de espantalho na horta. Agora pranteamos o primeiro militar do Exército morto em serviço durante a ocupação, e curiosamente, no mesmo dia, a imagem emblemática de um blindado dos fuzileiros, atacado a tiros, caído num valão, se espalhou pelas redes sociais e pela mídia.
A questão quanto às Forças Armadas não é que lhes falte poderio, mas as táticas é que poderiam ser mais adequadas ao fim que se busca alcançar! A tarefa de mandar soldados para as comunidades do Rio é muitíssimo mais delicada do que empregá-los sob manto da ONU na pacificação do Haiti. O problema está colocar as Forças Armadas nesses locais literalmente 'secando gelo’. Voltando à lição do general americano, não se deveria desgastar as Forças Armadas numa situação de impasse a qual elas não podem empregar as táticas necessárias para vencer e nem recuar!
Tomemos muito cuidado. O Exército não pode ser desacreditado por bando de facínoras e fanfarrões.
*Especialista em segurança
O DIA/montedo.com