13 de maio de 2010

EXÉRCITO VAI RETOMAR BUSCAS NO ARAGUAIA

No próximo dia 17, a região que foi palco da Guerrilha, entre 1972 e 1975, terá nova tentativa de identificação
Monise Centurion
O Exército do Brasil vai retomar as buscas dos 70 guerrilheiros desaparecidos na Guerrilha do Araguaia (1972-1975) no próximo dia 17. A confirmação da retomada reacende a esperança da família Petit de encontrar os irmãos Jaime e Lúcio, integrantes da guerrilha e desaparecidos no local. Até hoje, apenas duas ossadas foram localizadas oficialmente: de Maria Lúcia Petit da Silva, enterrada no cemitério Jardim do Ypê de Bauru em 1996, e Bérgson Gurjão Farias, sepultado em Fortaleza (CE), no ano passado.
A guerrilha foi articulada pelo Partido Comunista do Brasil (PC do B) com objetivo de criar uma área livre no Pará, mobilizar a população camponesa e combater o regime militar (1964-1985). O conflito começou em abril de 1972 e terminou em janeiro de 1975, na região de Xambioá (TO) e reserva indígena de Suruí (PA). No grupo estavam os irmãos Petit, mortos pelas tropas da ditadura militar.
O Ministério da Defesa (MD) informou que nos trabalhos de reconhecimento especializados na área da Guerrilha do Araguaia, o Exército Brasileiro participará provendo o apoio logístico. Baseado no levantamento das equipes de ouvidoria, o ministério definirá em quais locais serão feitas as novas escavações.
A fase de reconhecimentos especializados tem previsão de término em 27 de maio, contando com as seguintes equipes de trabalho: ouvidoria, validação, dois antropólogos, dois geólogos, três topógrafos, além de pessoal de apoio de saúde e serviços gerais.
De acordo com informação do Exército, as fases posteriores (trabalho de campo, ouvidoria e reconhecimento) têm previsão de término em 31 de outubro, podendo o cronograma sofrer alterações conforme a evolução dos acontecimentos. Durante essas etapas, o número de pessoas envolvidas poderá variar conforme a necessidade.
Em 1995, o governo brasileiro sancionou a lei 9.140/95, onde reconheceu 136 pessoas – entre elas os Petit - como mortas e desaparecidas em razão de participação, ou acusação de participação, em atividades políticas, no período de 2 de setembro de 1961 a 15 de agosto de 1979. A Corte Interamericana de Direitos Humanos se reúne nos próximos dias 21 e 22, na Costa Rica, para decidir se condena o Brasil a esclarecer o fato. 
História
Maria Lúcia nasceu em Agudos, mas passou boa parte de sua vida em Duartina e Bauru. Junto com ela, lutaram no Araguaia dois de seus irmãos, Jaime e Lúcio, cujos restos mortais ainda não foram identificados. A identificação da ossada, encontrada em 1991 no cemitério de Xambioá, foi feita pelo Departamento de Medicina Legal da Unicamp e possível graças ao reconhecimento de sua arcada dentária.
Já Lúcio nasceu em Piratininga e Jaime em Iacanga. Os irmãos começaram sua atuação no Movimento Estudantil em Minas Gerais, levando para o conjunto de estudantes as propostas marxistas do partido que defendiam como instrumento de lutas. Em 1968, Jaime foi escolhido para participar do clandestino Congresso da União Nacional dos Estudantes, na cidade de Ibiúna, interior de São Paulo. Estava montando um campo de treinamento de guerrilha rural, no Araguaia, para onde estavam enviando os militantes visados pela repressão. O trabalho inicial seria o de organizar as bases de apoio.

jornal da cidade de bauru

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