10 de julho de 2010

DESINCORPORADOS LUTAM POR DIREITO À APOSENTADORIA

Desincorporados lutam por direito à aposentadoria
A quantidade de militares, que pleiteam o benefício na Justiça, aumentou. Por isso, espera-se uma resposta positiva por parte do Exército brasileiro
Manoela Vinente
msouza@jornalcoletivo.com.br Redação Jornal Coletivo
 
Um sonho que começa na infância amadurece na adolescência e se concretiza com a maioridade. A carreira militar para muitos jovens é a solução para o desemprego e uma oportunidade de crescer profissionalmente. Mas o fim desse sonho pode acabar com a dispensa, depois de anos prestados ao Exército por ter um problema de saúde. O DF possui cerca de 30 casos dessa natureza. Com receio de sofrerem represálias dentro do quartel, os militares acabam não expondo os problemas que acontecem dentro das Forças Armadas.
“Prestei serviço durante 11 anos para o Exército e quando precisei de uma ajuda médica, me mandaram embora e ainda por cima sem qualquer tipo de ajuda financeira”, conta o ex-soldado Joel Graças, 30 anos. Hoje, para sustentar a família ele faz “bicos”. “Fiquei muito decepcionado com o tratamento que tive depois que rompi os ligamentos da perna. Não queriam me atender. Tive de ir no Ministério Público pedir para o médico do Exército me atendesse e me desse a liberação para uma cirurgia, o que não aconteceu.” Ele conta ainda que foi em vários médicos particulares e todos o indicaram para cirurgia, que o deixaria apto para qualquer tipo de atividade.
Foto: Alan SantosWanderson Ribeiro e Pedro Torres: sem direitos preservados após problemas de saúde
Como relatado pelo Coletivo em fevereiro deste ano, a luta do ex-cabo Pedro Manuel Torres, 26, – desincorporado no final do ano passado por ser portador de diabetes mellitus – continua agora com o apoio de outras pessoas na mesma situação. “A única coisa que o Exército me deu depois que fui desincorporado foi o direito de me tratar no Hospital das Forças Armadas. Uma vez precisei da emergência e me disseram que só tenho direito aos serviços ambulatoriais. Até isso o Exército me privou. Vou lutar até o fim para ter o meu direito”.
Outro exemplo é o de Wanderson José Ribeiro, 28 anos. Ele ficou em coma por 26 dias e um ano depois sofreu outro acidente que o deixou com o fêmur fraturado “Assim que me deram alta, depois do segundo acidente, recebi a noticias de que não trabalharia mais para o Exército”, conta Ribeiro, que já entrou com o pedido no Supremo Tribunal Militar (STM).
Casos semelhantes existem em todo o País, informa o consultor Wolmer de Almeida Januário. “Só aqui na advocacia temos processos de todo o Brasil. A sociedade tem que saber o que acontece dentro das Forças Armadas”. Procurado pela reportagem, o Exército brasileiro não se manifestou até o fechamento desta edição.
Obs: Comentarei durante o dia. 

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