No Rio, falso tenente-coronel do Exército atuava nas barbas da cúpula da Segurança Pública
Passando-se por tenente-coronel, ele trabalhou por sete meses como coordenador da Secretaria de Segurança até ser desmascarado por colegas
Passando-se por tenente-coronel, ele trabalhou por sete meses como coordenador da Secretaria de Segurança até ser desmascarado por colegas
Na ficção, o momento é de ver como o capitão Nascimento enfrenta, em Tropa de Elite 2, o envolvimento de políticos corruptos com milícias. Na vida real, a cúpula da Segurança no Rio de Janeiro está intrigada: como Carlos da Cruz Sampaio Júnior, de 44 anos, passando-se por militar, conseguiu penetrar na estrutura do estado e atuar, por sete meses, como coordenador da Secretaria de Segurança.
A história do falso militar veio à tona depois de uma investigação dos próprios colegas de secretaria de Sampaio. Ao tentarem confirmar a autenticidade da documentação de tenente-coronel do Exército apresentada pelo falso militar, veio à tona a farsa. Sampaio, então, foi detido na última quinta-feira, portando um revólver calibre 38. Ele vai responder por falsidade ideológica e falsificação de documento público.
Na manhã desta segunda-feira, o secretário se Segurança, José Mariano Beltrame, determinou a abertura de uma sindicância interna “para apurar as circunstâncias da contratação de Carlos da Cruz Sampaio Júnior”. A sindicância, informou a secretaria, vai analisar os dois períodos em que Carlos trabalhou na Secretaria: de 2003 a 2006 e de julho a outubro deste ano.
A secretaria informou ainda que Sampaio foi contratado para função administrativa na Subsecretaria de Planejamento e Integração Operacional. A investigação correrá também na Polícia Militar. Beltrame pretende solicitar ao Comando Geral da PM que um procedimento semelhante seja instaurado na esfera militar com o objetivo de esclarecer o envolvimento de Carlos com a corporação.
Como coordenador da 1ª Região Integrada de Segurança Pública (Risp), o falso militar tinha, entre suas atribuições, decisões sobre remanejamento de efetivo, planejamento de operações e interpretação das estatísticas de segurança.
Em uma das passagens anteriores pela secretaria, o militar foi mais longe. Em 28 de agosto de 2003, informa nesta segunda-feira o jornal Extra, ele teria representado oficialmente a Secretaria de Segurança em uma reunião da Secretaria Nacional de Segurança Pública do Ministério da Justiça, em Brasília.