
Carlos  da Cruz Sampaio Júnior, o tenente-coronel pirata, usou os números para  ganhar notoriedade na Polícia Militar. Chegou ao 6º BPM (Tijuca), em  janeiro deste ano, e tomou a sala de operações da unidade como o seu  quintal. Passou a frequentar as reuniões de planejamento e começou a  definir a estratégia de policiamento ostensivo. O “trabalho” do falso  militar deu mais visibilidade e rendeu ao batalhão um prêmio por bater a  meta de redução de crimes estabelecida pela secretaria estadual de  Segurança (Seseg). Com este resultado, todos os policiais da unidade  ganharam R$ 500. 
De acordo com policiais do 6º BPM, Sampaio agiu como um “grande conhecedor”, posicionando carros e homens nos locais apontados pelo Instituto de Segurança Pública (ISP) como os mais perigosos da área de atuação do batalhão: Tijuca, Maracanã, Praça da Bandeira, Vila Isabel, Andaraí e Grajaú. Assim, acertando em cheio a chamada mancha criminal, o Coronel Caô ajudou a diminuir a quantidade dos crimes que a Seseg considera mais importantes. O número de homicídios caiu de 22 para 14, uma redução de 40%. O roubo de veículo despencou de 739 para 431, menos 42%. Já o roubo de rua — transeuntes + coletivo + aparelho celular — caiu 20%, de 2.176 para 1.734 registros. Soma-se à perícia de Sampaio a instalação da primeira Unidade de Polícia Pacificadora (UPP) da Tijuca. Em 7 de maio, o Morro do Borel foi ocupado pelo Batalhão de Operações Especiais e, um mês depois, recebeu a UPP.
De acordo com policiais do 6º BPM, Sampaio agiu como um “grande conhecedor”, posicionando carros e homens nos locais apontados pelo Instituto de Segurança Pública (ISP) como os mais perigosos da área de atuação do batalhão: Tijuca, Maracanã, Praça da Bandeira, Vila Isabel, Andaraí e Grajaú. Assim, acertando em cheio a chamada mancha criminal, o Coronel Caô ajudou a diminuir a quantidade dos crimes que a Seseg considera mais importantes. O número de homicídios caiu de 22 para 14, uma redução de 40%. O roubo de veículo despencou de 739 para 431, menos 42%. Já o roubo de rua — transeuntes + coletivo + aparelho celular — caiu 20%, de 2.176 para 1.734 registros. Soma-se à perícia de Sampaio a instalação da primeira Unidade de Polícia Pacificadora (UPP) da Tijuca. Em 7 de maio, o Morro do Borel foi ocupado pelo Batalhão de Operações Especiais e, um mês depois, recebeu a UPP.
‘Promoção’ por mérito
Sampaio teria  sido levado para o 6º BPM por um major, mas virou a “menina dos olhos”  de dois coronéis, que o indicaram à subsecretaria de Integração  Operacional da Seseg. No principal órgão do setor, no Estado do Rio,  recebeu a tarefa de organizar o policiamento da 1ª Região Integrada de  Segurança Pública (Risp), que inclui 12 batalhões da capital carioca. 
— Todos consideravam o Sampaio competente. E os números mostram que ele é. Mas cometeu crimes, enganou todo mundo — comentou um soldado PM, “ex-funcionário” do impostor.
— Todos consideravam o Sampaio competente. E os números mostram que ele é. Mas cometeu crimes, enganou todo mundo — comentou um soldado PM, “ex-funcionário” do impostor.
Mestre do patrulhamento inverso
Com  vocação para estatísticas e aficcionado por slides, Carlos da Cruz  Sampaio Júnior impressionava pela capacidade de se impor e de realizar.  No 27º Batalhão de Polícia Militar (Santa Cruz), paira o gosto amargo  pelo fato de um militar falso ter aplicado instruções, mas há também o  legado. Coube a Sampaio Júnior a implementação do patrulhamento das ruas  pelas viaturas. No BPM, os policiais chamam a metodologia de  patrulhamento invertido e rendem elogios àquele que, mesmo entre as  grades por porte ilegal de arma, recebe elogios.
— Ele fez o mapa  do patrulhamento das ruas. E olha que deu certo: uma indo, a outra  vindo, em sentidos opostos. Ele foi muito bem nisso — disse um soldado,  que pilota uma viatura em Santa Cruz. 
O tenente-coronel Sampaio, assim chamado nos batalhões, era de colocar a mão na massa. Após usar a informática para mostrar a teoria, ele ia à rua com os policiais.
O tenente-coronel Sampaio, assim chamado nos batalhões, era de colocar a mão na massa. Após usar a informática para mostrar a teoria, ele ia à rua com os policiais.
— Dava bronca mesmo — contou um policial.
Na  área do 17º BPM (Ilha do Governador), o falso militar também deu as  cartas. Carlos da Cruz Sampaio Júnior coordenou operacionalmente as  viaturas.
— A função dele era baixar o índice de criminalidade. O  pior é que conseguia. O impostor é bom. Saía pelas ruas de madrugada,  com o fuzil nas costas, para acompanhar as operações. Era participativo —  afirmou um policial do Batalhão da Ilha.
Na Ilha, ele aparece  como testemunha de um auto de resistência. De acordo com o inquérito,  Sampaio Júnior “comandou a blitz com quatro policiais militares. Foi  quando apareceu um carro, que tentou furar a blitz. Ele não deu tiro.  Mas a operação acabou com um assaltante morto, uma fuga e a libertação  de uma vítima”.

Alerj entrou na roda
A  Assembleia Legislativa do Rio (Alerj) também entrou no repertório de  Carlos Sampaio Júnior. Em 2009, ele distribuiu a seus amigos e mulheres  um cartão de visita falso, em que se dizia chefe de gabinete do deputado  estadual Paulo Souto. Até o endereço de e-mail da Alerj o falsário  criou, mas não há qualquer registro de sua possível contratação na  instituição. 
Paulo Souto, inclusive, nunca foi deputado. Ele é delegado e era subsecretário de Segurança, na primeira passagem de Sampaio pelo órgão, em 2003. Como terceiro suplente, Souto brigou por uma vaga, no ano passado, mas não conseguiu ocupar uma cadeira na Assembleia.
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Paulo Souto, inclusive, nunca foi deputado. Ele é delegado e era subsecretário de Segurança, na primeira passagem de Sampaio pelo órgão, em 2003. Como terceiro suplente, Souto brigou por uma vaga, no ano passado, mas não conseguiu ocupar uma cadeira na Assembleia.
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