18 de abril de 2012

Exército apela para cão farejador na busca por fuzil roubado no Paraná

Com olfato apurado, cães farejadores são essenciais ao Exército
Cristiane Sabadin
Trabalho feito,Hamter brinca com sua recompensa:a bolinha de tênis.
Hamter. Esse é o nome do mais novo integrante do 16º Esquadrão de Cavalaria Mecanizado de Francisco Beltrão. O cão farejador, um pastor alemão que faz parte do efetivo da 5ª Companhia de Polícia do Exército de Curitiba, veio à cidade participar das operações em busca do fuzil roubado e de drogas. Assim que os trabalhos encerrarem, ele volta para a capital do Estado. O cão nem bem chegou e já despertou o interesse dos demais recrutas e da população que vem acompanhando o patrulhamento dos oficiais pelas ruas da cidade.
O cão é extremamente dócil, contudo, parece saber a que veio. Não é do tipo que brinca em serviço e nasceu para ser um cão policial. Mais ainda: um cão farejador. É o que garante o Capitão Machado, veterinário e chefe da seção de cães de guerra da 5ª Cia. Apaixonado por cachorros de grande porte e experiente na profissão, Machado tem a missão de treinar os melhores animais do Exército.
Segundo o policial, um cão farejador já nasce praticamente pronto, isso porque qualquer animal tem a percepção olfativa aguçada — é questão fisiológica. No entanto, para se formar um excelente exemplar é preciso treinamento. Para começar, é necessário entender os impulsos de cada raça ou drives que levam os cães a serem melhores caçadores ou de guarda, por exemplo. Capitão Machado diz que há cinco drives padrões: obediência, ataque, defesa, caça e mudança de conduta. O trabalho inicia, então, com a seleção dos animais e posterior treinamento. “Um cão só poderá entrar para o Exército se tiver os seguintes requisitos: raça pura (pedigree), aprumos perfeitos, vigor físico, disposição e passar no exame de displasia. Aí, o cão está apto a trabalhar.”

O treinamento de cães farejadores
Para começar o trabalho, Hamter coloca o peitoral e visualiza a bolinha na mão do veterinário.
A ideia parte do princípio de qualquer adestramento básico: o cão precisa brincar. Ele é motivado a participar das atividades por meio de brincadeiras. No caso de Hamter, o objetivo escolhido foi a bolinha de tênis. É com este instrumento que o animal treina e se capacita para ser um cão policial.
De acordo com Machado, o treinamento inicia ainda na fase de filhote, com motivação. Depois, com dois meses, “começamos a aguçar a capacidade olfativa do cão”. Um dos treinos é jogar a ração pelo chão, “obrigando-o” a procurar sua comida. “É um bom exercício para o faro.” Já com oito meses e um ano, o cão passa por um adestramento de obediência. Nesse estágio, o animal fica preparado para receber o controle do dono. A partir de um ano é que se introduz o brinquedo no treinamento: a tão desejada bolinha de tênis.
Com Hamter e a maioria dos cães farejadores o esquema funciona assim: os veterinários escondem a bolinha em pequenos caixotes de madeira. Primeiro em sequência, depois vão alternando, mas a ideia é sempre a de encontrar o objetivo de desejo, neste caso, a bolinha de tênis.
Segundo o capitão, a grande dificuldade do treinamento é fazer o cão entender o que o ser humano quer com seu trabalho. Ou seja, o animal quer a bolinha, mas a polícia quer as drogas e explosivos que estão escondidos. É a partir dessa fase que o animal inicia o treinamento com as substâncias ilícitas, sentindo o odor; apenas isso. O veterinário afirma que cães farejadores jamais experimentam as drogas, o que eles fazem é apenas reconhecer o cheiro. Sendo assim, não se tornam viciados, “isso é mito”.
No treino, o primeiro odor apresentado é o da maconha, depois vêm a cocaína e o crack. A ideia é a mesma: dentro dos caixotes de madeira, junto com a bolinha, o oficial esconde a droga. O cão vai procurar seu brinquedo tão querido e acaba descobrindo outro cheiro. Aos poucos, a bolinha sai de cena e fica apenas a substância. O cão encontra. “Quando o animal está apto, deixamos os caixotes de lado e escondemos a droga atrás de estantes, em gavetas e até no forro do teto. O animal não para até descobrir o objeto”, explica.
Numa cena de crime, a perícia entra primeiro, seguida dos cães farejadores, para então chegar a polícia. Esse é o método ideal, comenta Machado.

Hora do trabalho
O cão trabalha sempre em busca de sua recompensa. Por isso, a preparação antes de uma operação começa com a apresentação do brinquedo. “Hamter vê a bolinha de tênis e já sabe que é hora de trabalhar. Depois, coloco seu peitoral e ele fica pronto para a missão.” Para não estressar os animais, Machado diz que faz manutenções apenas duas vezes por semana; dependendo do cão, uma. “Fazemos isso para ele não perder o contato com o cheiro, mas sem exagerar, afinal, ele já aprendeu a lição”, ressalta.
Fora os treinos, o cão precisa manter o condicionamento físico. Isso inclui aulas de natação e alimentação de qualidade. Os animais do Exército consomem rações Super Premium.
Jornal de Beltrão/montedo.com

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