Exército apura se falha em pedreira facilitou roubo de 500kg de dinamite
Grupo aproveitou muro caído para invadir a empresa em Ribeirão, diz PM.
Pedreira diz que segue todas as normas exigidas pelo Ministério da Defesa.
Grupo com sete homens chegou à pedreira por estrada municipal (Foto: Reprodução/EPTV) |
O Exército afirmou nesta quinta-feira (14) que vai apurar se falhas por parte da Inderp, pedreira de onde foram levados 500 quilos de dinamite em Ribeirão Preto (SP), facilitaram a ação da quadrilha. Segundo a Polícia Militar, o estabelecimento foi invadido nesta madrugada por sete homens fortemente armados e encapuzados, que renderam quatro funcionários e os obrigaram a carregar os explosivos. O grupo teria aproveitado a queda de um muro - causada por uma chuva na noite anterior – para entrar na empresa.
De acordo com o coronel Nilton Soares Filho, caso fiquem constatadas irregularidades, a empresa poderá ser multada, ter o certificado de registro cassado e até ser fechada. “Este roubo é muito grave. Nós temos agora uma grande quantidade de explosivos em poder de bandidos. Isso é muito preocupante.”
Em nota, a Inderp afirmou que todas as cautelas necessárias para posse e uso de explosivos são adotadas e que a empresa atende às determinações do Ministério da Defesa e do Comando do Exército Brasileiro, responsável pela normatização. Entretanto, a empresa não comentou o fato do muro que teria desabado.
Investigação
Nesta tarde, a Polícia Civil afirmou que já traçou uma linha de investigação sobre os suspeitos. Há a suspeita de que a dinamite tenha sido roubada para ser usada na explosão de caixas eletrônicos. Em 2013, segundo a polícia, oito equipamentos foram explodidos em Ribeirão Preto e em cidades da região.
Pedreira pode ser fechada caso sejam constatadas irregularidades (Foto: Antonio Luiz / EPTV) |
A ação nesta madrugada durou quatro horas. De acordo com o soldado da PM Fábio Eduardo Minchio, o grupo chegou à empresa por uma estrada municipal e aproveitou o muro desabado para entrar na pedreira. Segundo Minchio, a quadrilha rendeu um vigilante que fazia a ronda, um segurança da portaria e mais dois funcionários que dormiam na empresa. O bando obrigou os reféns a indicar o paiol onde estava a dinamite, arrombou a porta e mandou as vítimas carregarem os explosivos e colocá-los próximo ao muro por onde a quadrilha havia entrado.
Em seguida, as vítimas foram levadas para um alojamento onde foram amarradas e ameaçadas de morte, caso tentassem ver o veículo em que o grupo fugiu. Durante a fuga, a quadrilha deixou para trás cinco caixas de explosivos, que foram apreendidas.
Normas
Segundo o coronel do Exército, uma das normas para uso de explosivos em pedreiras determina que o paiol, onde é guardada a carga de explosivos, fique enterrado e coberto com uma camada de areia de pelo menos 70 centímetros. O depósito deve ser vigiado o tempo todo com sistemas de câmera e guardas.
Mas de acordo com o delegado Paulo Henrique Martins de Castro, responsável pela investigação, apenas uma das câmeras fez imagens capazes de ajudar a solucionar o caso.
Na região de Ribeirão Preto, o Exército é responsável pela fiscalização de 17 pedreiras. O coronel afirmou que a última fiscalização feita na Inderp aconteceu em 2012 e que a empresa apresentava condições plenas de funcionamento.
Ainda de acordo com Soares Filho, todos os explosivos usados na extração de minerais são monitorados pelo Exército. “Existem mapas de consumo que são remetidos diretamente para nosso setor em São Paulo. Lá é feito um controle de estoque, que é o histórico da pedreira. Quanto que ela consome mais ou menos por mês e quanto ela pode estocar. Vamos verificar também se isso está de acordo com o mapa de estoque”, afirma.
G1/montedo.com