Maior área de mata atlântica é do Exército
Foto: Bobby Fabisak/JC Imagem, 31/05/2012. |
A maior área de mata atlântica do Nordeste, no trecho acima do Rio São Francisco, não está nas mãos de usineiros, e sim do Exército. É o que mostra pesquisa da Universidade Federal de Pernambuco concluída recentemente. São 8.300,46 hectares, distribuídos em cinco unidades militares, todas no Grande Recife. Um hectare tem 10 mil metros quadrados e equivale à área ocupada por um campo de futebol.
Os remanescentes estão no Campo de Instrução Marechal Newton Cavalcante (7.342 ha), em Aldeia, no 14º Batalhão de Infantaria Motorizado (401,4 ha), em Jaboatão dos Guararapes, no 7º Grupo de Artilharia de Campanha e 3ª Divisão de Levantamento (43,53 ha), em Olinda, no 4º Batalhão de Comunicações (173,53 ha), no Recife, e no Complexo Militar do Curado (340 ha), que inclui o Comando Militar do Nordeste.
No estudo, realizado para tese de doutorado em Tecnologia Ambiental e Recursos Hídricos da UFPE, vinculado ao Departamento de Engenharia Civil, o autor aponta ainda os serviços ambientais prestados pela floresta mantida pelo Exército.
Os principais são a amenização do clima local, a regularização de vazão de mananciais e a conservação da fauna e flora. O trabalho, apresentado mês passado, aponta também o papel das matas do Exército na manutenção dos estoques e absorção de carbono.
O major Helder de Barros Guimarães, com mestrado em Desenvolvimento e Meio Ambiente, também pela UFPE, lembra que antes de ficarem sob a responsabilidade do Exército, essas áreas eram utilizadas no cultivo de cana-de-açúcar e capim para pecuária. Ou seja, os militares contribuíram para a regeneração da vegetação nativa. A afirmação do oficial se baseia na análise de fotografias que mostram a evolução das florestas nas seis unidades militares.
A partir das imagens, ele comprovou que houve aumento da cobertura vegetal em todas as unidades militares. No trabalho, sob a orientação do biólogo Ricardo Braga, o pesquisador gerou mapas que mostram a evolução da floresta dentro dos quartéis e a diminuição no entorno.
Com base nos resultados, Helder propõe a criação de uma nova categoria de unidade de conservação, específica para as áreas sob a guarda do Exército. Segundo ele, a medida significaria um incremento de aproximadamente 3,8% das áreas protegidas em nível federal. “Caso as áreas da Marinha e da Força Aérea também fossem contempladas, diz o pesquisador, esse acréscimo poderia ser superior a 10%”, estima.
No Campo de Instrução Marechal Newton Cavalcante, maior remanescente florestal, composto por 20 fragmentos, há 168 tipos de aves, quatro estão na lista brasileira e uma na internacional de animais ameaçados de extinção.
De cobras, existem 22 espécies, entre elas a surucucu Lachesis muta. Maior cobra peçonhenta da América do Sul, também está no livro vermelho.
Jornal do Commércio/montedo.com