Quartel recebia armas de várias comarcas
Com isso, suspeita-se que episódio de extravio seja um dos mais graves registrado no estado
Michele Meireles
Os desdobramentos das investigações envolvendo o caso de um possível desvio de armas em quartéis do Exército de Juiz de Fora sugerem que este é o episódio de maior vulto registrado no estado, já que os armamentos que deveriam ter sido destruídos podem ser oriundos de vários municípios mineiros. Segundo um dos procuradores do Ministério Público Militar (MPM) que cuida da apuração, Antônio Pereira Duarte, apesar de não haver estimativa da quantidade de materiais derramados, o caso caminha para ser considerado o mais grave ocorrido no estado. "Em Minas, não temos número expressivo de condutas criminosas como esta, não há estatística que possa causar esta preocupação. Asseguro que nunca assisti uma situação que nos causasse tanta preocupação quanto esta que estamos investigando. Este é o nosso calcanhar de Aquiles." A suspeita do desvio de armas foi revelada na última semana pela Tribuna, na segunda reportagem da série "Basta de violência".
De acordo com o procurador, é precipitado estimar a quantidade de armas que pode ter sido extraviada, porém, "há indícios de que o crime ocorreu. Além das armas oriundas da Campanha do Desarmamento e da Justiça do município, Juiz de Fora recebe armamentos de várias comarcas, já que o 4º Depósito de Suprimentos (com sede na cidade) é um dos que tem competência para realizar a destruição dos materiais. Ela é centralizada neste órgão, já que tal trabalho demanda pessoas e locais especializados. Não é um trabalho que possa ser feito por qualquer um."
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Antônio Duarte lembrou que, até então, só havia o registro de um caso recente envolvendo o desvio de armamento feito por militar em Juiz de Fora. "Um soldado que servia na 4ª Brigada de Infantaria Motorizada desviou um carregador de munição 9 milímetros, alegando que usaria o material para quitar uma dívida com um traficante."
O procurador informou ainda que será realizado levantamento de todas as armas apreendidas pela Polícia Civil e que ainda estão nas quatro varas criminais e no Tribunal do Júri do município. Todas as armas apreendidas com criminosos e as recolhidas na Campanha do Desarmamento são levadas para o Exército para serem destruídas. No caso das apreensões, primeiro, elas são encaminhadas à Justiça, onde ficam à disposição durante a tramitação do processo. "É um número significativo. Será preciso uma perícia metalográfica para saber qual a origem e como foram parar nas mãos de um criminoso. Este percurso é trabalhoso", esclareceu.
O inquérito do desvio de armas corre em segredo de Justiça para que as investigações não sejam prejudicadas. "Estamos trabalhando com medidas de caráter invasivo. Nosso trabalho é incessante, e estamos tomando todas as medidas para puxar o fio deste novelo e encontrar todos os responsáveis", afirmou Antônio Duarte. Ainda nesta semana, o procurador geral do MPM deve nomear três outros promotores para atuar no caso.
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Tribuna de Minas/montedo.com