2 de agosto de 2013

Primo rico: em 2010, Brasil gastou R$ 1,6 bi em ações humanitárias e de paz

Brasil gastou mais com ações humanitárias e de paz
Dados do Ipea mostram que o País destinou R$ 870 milhões para auxiliar nações em crises em 2010. Total de gastos com cooperação internacional foi de R$ 1,6 bilhão.

Aurea Santos
aurea.santos@anba.com.br
São Paulo – O Brasil aumentou substancialmente os recursos destinados a ações humanitárias e operações de manutenção de paz no ano de 2010, somando R$ 870,28 milhões em recursos destinados a ajudar países em crises e emergências, contra R$ 212,45 milhões gastos em 2009. No total, o País destinou R$ 1,6 bilhão à cooperação internacional em 2010, um aumento de 91,2% sobre o ano anterior, segundo dados do relatório Cooperação Brasileira para o Desenvolvimento Internacional (Cobradi), divulgados nesta quinta-feira (01) pelo Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea).
O país que mais recebeu recursos do Brasil naquele ano foi o Haiti, com R$ 92,46 milhões, gastos que incluíram ações como prevenção de doenças e manutenção das tropas da Missão de Estabilização no Haiti (Minustah). De acordo com João Brígido Lima, coordenador do Cobradi, o aumento de gastos com cooperação humanitária em 2010 “se explicam pelas conjunturas havidas, como os desastres naturais ocorridos no continente”, disse ele, em entrevista coletiva. Em 12 de janeiro daquele ano, um forte terremoto atingiu o Haiti, matando mais de 200 mil pessoas e deixando 1,5 milhão de desabrigados.
Além de cooperação humanitária e manutenção da paz, o Brasil também destinou recursos à cooperação técnica, educacional, científica e tecnológica, além de gastos com organismos internacionais. No geral, os países da América Latina e Caribe foram os que mais receberam recursos da cooperação internacional do Brasil, num total de R$ 195 milhões. O valor representa 68,06% do capital destinado a ações de cooperação bilateral.
Os países da África receberam R$ 65 milhões em recursos do Brasil. Entre as nações árabes do continente africano, a que mais se beneficiou foi a Argélia, que recebeu R$ 659,3 mil em recursos brasileiros. Em seguida, veio o Egito, com R$ 343,3 mil, Marrocos (R$ 177 mil), Sudão (R$ 174,4 mil), Mauritânia (R$ 153,9 mil), Tunísia (42,7 mil) e Ilhas Comores (R$ 28 mil).
No Sudão, por exemplo, foram destinados recursos para o fortalecimento da segurança alimentar e nutricional em escolas por meio da aquisição de produtos da agricultura familiar em Darfur. “Temos uma amplitude de cooperação muito grande, que poucos países podem manifestar e com uma diversidade geográfica muito grande”, destacou Fernando Abreu, diretor-geral da Agência Brasileira de Cooperação, sobre a variedade de países ajudados pelo Brasil.
Entre as nações do Oriente Médio, a Palestina foi o principal destino dos recursos da cooperação internacional do Brasil, com R$ 827,5 mil. A Arábia Saudita ficou em segundo lugar, com R$ 104,7 mil. Jordânia (R$ 7,2 mil), Emirados Árabes Unidos (R$ 4,5 mil) e Líbano (R$ 1,5 mil) também receberam capital brasileiro.
Os gastos feitos com estes recursos incluem despesas diversas que vão desde transferência de tecnologia até a concessão de bolsas de estudos. Na Palestina, por exemplo, parte dos recursos compôs uma contribuição voluntária à Estratégia Internacional das Nações Unidas para a Redução de Desastres. “Somos parte de um cenário de cooperação Sul-Sul que ainda é muito incipiente se comparado às ações da OCDE (Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Econômico)”, comentou Renato Baumann, diretor de Estudos e Relações Econômicas e Políticas Internacionais do Ipea, sobre os recursos destinados pelo Brasil aos países em desenvolvimento.
O Ipea vai iniciar na próxima semana o estudo sobre os recursos de cooperação internacional do Brasil no ano de 2011. A intenção do instituto é atualizar a realização dos estudos para que o Cobradi seja divulgado anualmente a partir de 2014.
ANBA/monteedo.com

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