Caso foi denunciado e ganhou grande repercussão nas redes sociais
Militar foi fotografado carregando cachorro pela nuca Gabriela Kursancew Nicaretta/Divulgação/ND |
O militar fotografado pela engenheira Gabriela Kursancew Nicaretta, no início da tarde desta quarta-feira (14), carregando um cachorro pela nuca na rua Expedicionário Holz, no Atiradores, em Joinville, negou ter agredido o animal em conversa com o comando do 62º Batalhão de Infantaria, onde é lotado. O filhote de nove meses, segundo relato do próprio acusado, fugiu enquanto ele abria o portão para entrar na garagem de casa. “O militar estava em horário de almoço, levou a esposa no trabalho e ao retornar e abrir o portão o filhote fugiu. A região é bastante movimentada e o cachorro começou a seguir uma pessoa. Ele, mostrando preocupação em ir atrás, pegou o filhote e o trouxe pela nuca”, explica o tenente-coronel Dantas, subcomandante da unidade.
Ainda de acordo com o militar, o cachorro estava molhado e para evitar sujar a farda, até porque já era hora de retornar ao serviço, decidiu trazê-lo pendurado pela nuca. “Teve uma senhora que foi atrás dele e disse que iria denunciá-lo. Ele falou que ela tinha liberdade para fazer isso. Instauramos um processo administrativo para apurar o relato, saber o que realmente aconteceu ali”, afirma Dantas. Apesar da denúncia feita pela engenheira em sua página pessoal no Facebook, que até a manhã de ontem tinha 2.698 compartilhamentos, ela não havia procurado o 62º BI para denunciar o suposto caso de agressão.
O subcomandante Dantas pediu cautela antes que se façam julgamentos prematuros, em especial nas redes sociais. Ele conta que ainda na tarde do mesmo dia em que a foto foi publicada no perfil de Gabriela, cerca de cinco pessoas se reuniram com cartazes em frente à casa do militar. “Ele tem família, uma filha de 12 anos. É preciso que se respeite a integridade desta família. As pessoas precisam ter cuidado antes de fazer julgamentos prematuros, cuidado com o que se publica na rede social”, frisa o militar.
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Em defesa dos animais
Além de passar boa parte da manhã desta quinta-feira atendendo à imprensa, o subcomandante do 62º BI também recebeu a visita da advogada Sandra Fischer. Ela atua voluntariamente em defesa dos animais e manifestou desejo de visitar o filhote para averiguar se é ou não vítima de maus tratos. “Eu quero ver este cachorro. O pessoal do batalhão entrou em contato com o proprietário e amanhã (sexta-feira) devo ir visitá-lo”, diz.
Ela explica que, após a pessoa responsável pela denúncia registrar boletim de ocorrência, entra com processo criminal contra o agressor e acompanha o andamento do caso. O serviço é gratuito. “O primeiro processo pode até sofrer transação e a pessoa ser condenada a uma pena alternativa, mas no segundo não. Eu trabalho porque gosto de animais”, explica.
Para a advogada, a legislação deveria ser mais dura com aqueles que cometem crimes contra animais ou o meio-ambiente. “A legislação deveria ser endurecida para desencorajar as pessoas a mal tratarem os animais ou cometer crimes contra o meio-ambiente”, avalia. Sandra citou o exemplo de dois ex-funcionários da Secretaria Regional do bairro Costa e Silva, que, em fevereiro de 2010, enterraram dois cães vivos no terreno da unidade.
Como o crime é de menor potencial ofensivo, tinham a opção de prestar serviço comunitário ou doar cestas básicas a entidades carentes, mas recusaram a proposta. Mesmo assim precisaram pagar multa de R$ 1.244, cada, e justificar em juízo suas saídas da cidade. O maquinista acusado de enterrar os cachorros e o ex-gerente regional, que teria dado a ordem para tal atitude, foram exonerados do cargo. A punição foi considerada branda para a advogada.
Caso no Facebook
No Facebook, o caso continua a repercutir. A maioria das manifestações, algumas até mesmo ofensivas, são de pessoas que condenam a atitude do militar. Outros usuários da rede social ponderam sobre o caso e afirmam que a foto não traduz um caso de maus-tratos. Em seu perfil, a engenheira Gabriela Kursancew Nicaretta escreveu na legenda da foto em que o cão aparece sendo carregado pela nuca: “...o cachorro tinha fugido o dono pegou e agrediu muito o cachorro, o pobrezinho berrava...MONSTRO!!!”.
Na mesma foto, publicada uma hora depois, ela conta que mais pessoas presenciaram o fato que ela coloca como “cena absurda”. Diz que estava passando de carro, buzinou e berrou que se o militar não cessasse as agressões iria denunciá-lo. “Ele disse que então eu fizesse”. Muitos dos amigos de Gabriela apoiaram sua atitude e a encorajaram a seguir com a denúncia. A engenheira é, desde antes do episódio desta quinta-feira, protetora dos animais. No Facebook, ela compartilha e publica com frequência fotos de cães para adoção ou que precisam de ajuda.
Um de seus compartilhamentos é sobre o chamado da FRADA (Frente de Ação pelos Direitos Animais) para o evento do próximo domingo (18), às 9h30, em frente ao Centreventos Cau Hansen. “Bom dia! Gostaria de agradecer o apoio de todos na luta contra maus tratos aos animais!! Esta denúncia foi levada a frente a repercussão foi enorme e as autoridades estão apurando e investigando o fato!! A minha parte eu fiz agora cabe eles julgarem!”, afirmou em uma de suas últimas postagens, na manhã de ontem.
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