Mais de 7 mil morreram e meio milhão ficaram doentes desde 2010
País começou a receber assistência das Nações Unidades em 2004, sob liderança brasileira
Haitianos trazem produtos comprados na vizinha República Dominicana AP-15-7-2013 |
Connecticut - A missão de paz das Nações Unidas no Haiti deve ser responsabilizada por introduzir cólera no país, diz um estudo da Universidade de Yale divulgado nesta terça-feira (06).
Desde 2004 no país, os capacetes azuis (como são chamados os soldados da ONU) levaram cólera para ilha em 2010 — quando um grupo do Nepal foi deslocado para o país caribenho que sofria as mazelas de um dos mais fortes terremotos que se têm registro.
O relatório “Missão de paz sem responsabilidade” (Peacekeeping Without Accountability) foi feito por pesquisadores dos departamentos de Direito e Saúde Pública da universidade.
A ONU afirma que possui imunidade legal sobre tais acusações e rejeitou esforços anteriores de um grupo americano de direitos humanos que pedia compensação às vítimas da cólera no país. Desde 2004 o Brasil lidera a Missão das Nações Unidas para Estabilização do Haiti.
No relatório de Yale, a ONU é criticada por “violar as obrigações da lei internacional ao não oferecer um fórum para tratar das questões das vítimas de cólera. “As Nações Unidas violam os próprios princípios de responsabilidade e respeito pela lei que promovem no mundo”.
Johan Peleman, diretor para o Haiti da Coordenação de Assuntos Humanitários da ONU, disse que o estudo deveria ser levado para a sede do organismo em Nova York.
— Esse é um assunto para ser resolvido em Nova York. A realidade local é que precisamos de dinheiro para agir — disse.
Em dezembro, o secretário da ONU, Ban Ki-moon, anunciou uma iniciativa de US$ 2,27 bilhões para erradicar a cólera no Haiti e na República Dominicada, que dividem a ilha Hispaniola. Mas o ambicioso plano de 10 anos de duração continua com poucos fundos.
Vários artigos científicos já concluíam que a cólera apareceu no Haiti logo após os soldados do Nepal, onde a doença é endêmica, chegarem. Segundo um estudo, um prestador de serviço falhou ao tratar os dejetos da base da ONU no país.
Estima-se que 7,5 mil pessoas morreram por cólera no Haiti e que meio milhão ficaram doentes.
O estudo da Yale diz que a ONU acordou com o governo haitiano estabelecer uma comissão para analisar as acusações, mas que cumpriu sua promessa. “Nem fez em nenhum outro lugar do mundo, apesar de ter feito 32 acordos do tipo desde 1990”, diz o texto.
O Globo/montedo.com