Críticas são “irrelevantes”, afirma Jobim – Ministro da Defesa evitou rebater Vannuchi, que o acusou de “macular” sua biografia ao proteger militares, Ministro dos Direitos Humanos diz que colega é “defensor de posição equivocada” sobre os crimes da ditadura.
O ministro Nelson Jobim (Defesa) classificou de “irrelevantes” as críticas do colega Paulo Vannuchi (Direitos Humanos), que o acusou de “macular” a biografia para proteger militares que cometeram crimes na ditadura.
Em entrevista à Folha, Vannuchi disse que Jobim reforçou “os piores segmentos militares” ao combater a proposta de criação da Comissão da Verdade, destinada a investigar abusos do regime.
O titular da Defesa não quis rebater o colega, mas mostrou irritação. “Absolutamente sem comentários. Irrelevantes”, afirmou Jobim sobre as críticas, em ato no Clube Naval de Brasília.
Ele ainda confirmou que a decisão sobre a compra de novos caças para a Aeronáutica ficará para Dilma.
O presidente Lula evitou comentar a polêmica entre os ministros, mas disse aos oficiais que mudou de opinião sobre as Forças Armadas.
“Foi preciso chegar à Presidência para reconhecer a importância de vocês. Eu e muitos de fora tínhamos uma visão equivocada.”
Em São Paulo, Vannuchi disse que a anistia a torturadores é a “mãe de todas as impunidades”. “Não considero o Jobim fascista, canalha, o considero defensor de uma posição equivocada.”
A duas semanas de deixar o cargo, ele também voltou a mira contra o ex-presidenciável José Serra (PSDB), a quem acusou de ter promovido uma “regressão medieval” ao usar a condenação do aborto como arma eleitoral contra Dilma Rousseff.
Ele acrescentou que setores do PSDB estariam envergonhados pelo uso do aborto. “Tenho a impressão de que o Serra vai se dar conta disso”, disse.
Vannuchi classificou o recuo da presidente eleita sobre o tema como “eleitoralmente correto”.
O ministro ainda atacou setores do Legislativo e do Judiciário ao lembrar que tirou do PNDH (Programa Nacional de Direitos Humanos) o veto aos crucifixos em repartições públicas.
“Tiramos, mantendo eu a mais absoluta convicção de que é errado ter Jesus Cristo abençoando falcatruas no Senado, na Câmara e nas Assembleias. Ou ter Jesus Cristo abençoando sentenças judiciais de um juiz Lalau e muitos parecidos com ele.”
O ministro Nelson Jobim (Defesa) classificou de “irrelevantes” as críticas do colega Paulo Vannuchi (Direitos Humanos), que o acusou de “macular” a biografia para proteger militares que cometeram crimes na ditadura.
Em entrevista à Folha, Vannuchi disse que Jobim reforçou “os piores segmentos militares” ao combater a proposta de criação da Comissão da Verdade, destinada a investigar abusos do regime.
O titular da Defesa não quis rebater o colega, mas mostrou irritação. “Absolutamente sem comentários. Irrelevantes”, afirmou Jobim sobre as críticas, em ato no Clube Naval de Brasília.
Ele ainda confirmou que a decisão sobre a compra de novos caças para a Aeronáutica ficará para Dilma.
O presidente Lula evitou comentar a polêmica entre os ministros, mas disse aos oficiais que mudou de opinião sobre as Forças Armadas.
“Foi preciso chegar à Presidência para reconhecer a importância de vocês. Eu e muitos de fora tínhamos uma visão equivocada.”
Em São Paulo, Vannuchi disse que a anistia a torturadores é a “mãe de todas as impunidades”. “Não considero o Jobim fascista, canalha, o considero defensor de uma posição equivocada.”
A duas semanas de deixar o cargo, ele também voltou a mira contra o ex-presidenciável José Serra (PSDB), a quem acusou de ter promovido uma “regressão medieval” ao usar a condenação do aborto como arma eleitoral contra Dilma Rousseff.
Ele acrescentou que setores do PSDB estariam envergonhados pelo uso do aborto. “Tenho a impressão de que o Serra vai se dar conta disso”, disse.
Vannuchi classificou o recuo da presidente eleita sobre o tema como “eleitoralmente correto”.
O ministro ainda atacou setores do Legislativo e do Judiciário ao lembrar que tirou do PNDH (Programa Nacional de Direitos Humanos) o veto aos crucifixos em repartições públicas.
“Tiramos, mantendo eu a mais absoluta convicção de que é errado ter Jesus Cristo abençoando falcatruas no Senado, na Câmara e nas Assembleias. Ou ter Jesus Cristo abençoando sentenças judiciais de um juiz Lalau e muitos parecidos com ele.”
Jobim ‘maculou’ biografia, diz Paulo Vannuchi
Jobim se recusou a fazer comentários sobre a entrevista do secretário nacional de Direitos Humanos, Paulo Vannuchi, concedida à Folha hoje. Nela, Vannuchi diz que Jobim “maculou” sua própria biografia e “reforçou os piores segmentos militares” ao criticar a proposta encampada pelo secretário de criar uma Comissão da Verdade para dar resposta às famílias de desaparecidos políticos durante a ditadura militar (1964-1985). O PNDH-3 (Plano Nacional de Direitos Humanos) foi alterado após pressão de Jobim.
“Sem comentários. Absolutamente sem comentários. [As declarações de Vannuchi são] irrelevantes”, afirmou Jobim.
Na entrevista à Folha, Vannuchi também faz críticas a uma suposta cultura ainda presente nas Forças Armadas, conectada ao contexto da Guerra Fria. O secretário defendeu na entrevista, repetindo um ponto já presente na Estratégia Nacional de Defesa, criada em 2008, uma formação com mais ênfase em direitos humanos e direito constitucional.
Perguntado sobre o assunto, Jobim novamente disse que não iria comentar, mas afirmou, indiretamente, que Vannuchi “fala sobre o que não sabe” ao dizer que esses pontos não fazem parte atualmente da formação militar.
“Eu não vou comentar os comentários do ministro Vannuchi”, afirmou o ministro. “Quem não conhece a estrutura interna do ensino das Forças Armadas é que pode afirmar que não há estudos dessa matéria. Há, e basta ver o aprofundamento que assumimos o compromisso, em 2008, na Estratégia Nacional de Defesa. Portanto, fala-se sobre o que não se sabe.”
Horas antes, em discurso em solenidade de promoção de oficiais-generais das Forças Armadas, no Clube Naval, Jobim, ao lado do presidente Luiz Inácio Lula da Silva, se alinhou com a posição de Vannuchi ao defender a necessidade de a presidente eleita, Dilma Rousseff, em sua política de Defesa, dar prioridade aos direitos humanos na formação dos militares.
Segundo Jobim, era necessário dar “continuidade, para poder germinar, à reestruturação do ensino das Forças, com ampliação do conhecimento sobre direito constitucional e direitos humanos”.
Folha de São Paulo
Jobim se recusou a fazer comentários sobre a entrevista do secretário nacional de Direitos Humanos, Paulo Vannuchi, concedida à Folha hoje. Nela, Vannuchi diz que Jobim “maculou” sua própria biografia e “reforçou os piores segmentos militares” ao criticar a proposta encampada pelo secretário de criar uma Comissão da Verdade para dar resposta às famílias de desaparecidos políticos durante a ditadura militar (1964-1985). O PNDH-3 (Plano Nacional de Direitos Humanos) foi alterado após pressão de Jobim.
“Sem comentários. Absolutamente sem comentários. [As declarações de Vannuchi são] irrelevantes”, afirmou Jobim.
Na entrevista à Folha, Vannuchi também faz críticas a uma suposta cultura ainda presente nas Forças Armadas, conectada ao contexto da Guerra Fria. O secretário defendeu na entrevista, repetindo um ponto já presente na Estratégia Nacional de Defesa, criada em 2008, uma formação com mais ênfase em direitos humanos e direito constitucional.
Perguntado sobre o assunto, Jobim novamente disse que não iria comentar, mas afirmou, indiretamente, que Vannuchi “fala sobre o que não sabe” ao dizer que esses pontos não fazem parte atualmente da formação militar.
“Eu não vou comentar os comentários do ministro Vannuchi”, afirmou o ministro. “Quem não conhece a estrutura interna do ensino das Forças Armadas é que pode afirmar que não há estudos dessa matéria. Há, e basta ver o aprofundamento que assumimos o compromisso, em 2008, na Estratégia Nacional de Defesa. Portanto, fala-se sobre o que não se sabe.”
Horas antes, em discurso em solenidade de promoção de oficiais-generais das Forças Armadas, no Clube Naval, Jobim, ao lado do presidente Luiz Inácio Lula da Silva, se alinhou com a posição de Vannuchi ao defender a necessidade de a presidente eleita, Dilma Rousseff, em sua política de Defesa, dar prioridade aos direitos humanos na formação dos militares.
Segundo Jobim, era necessário dar “continuidade, para poder germinar, à reestruturação do ensino das Forças, com ampliação do conhecimento sobre direito constitucional e direitos humanos”.
Folha de São Paulo