Atualização: 9/2
Aeronáutica investiga militar que manifestou apoio a jovens agressores da Ilha
Aeronáutica investiga militar que manifestou apoio a jovens agressores da Ilha
Yuri pode ser expulso da corporação; FAB considerou ideias como "desvirtuadas"
Amigo dos jovens suspeitos de agredir um mendigo e espancar um estudante de desenho industrial que tentou defender o morador de rua, na Ilha do Governador, na zona norte do Rio, no último dia 2, o soldado da Aeronáutica Yuri Monteiro Ribeiro pode ser expulso da corporação.
Yuri usou uma rede social da internet para manifestar solidariedade a dois amigos presos pelas agressões. Ele pede liberdade para Tadeu Assad e diz esperar que ninguém encontre Rafael Zanini, que se entregou na última segunda-feira.
O militar, que é lotado na Brigada de Infantaria do Galeão, chega a dizer que “se Justiça valesse de alguma coisa, ele já estaria preso há muito tempo”. Yuri diz que “se estivesse na briga, ele não estaria vivo”, em uma referência ao estudante agredido, Vítor Suarez Cunha, de 21 anos.
A Aeronáutica informou que as idéias e opiniões de Yuri estão totalmente desvirtuadas da doutrina e da conduta dos militares da FAB (Força Aérea Brasileira). Foi instaurado um processo administrativo para investigar as declarações. O soldado pode até ser expulso da Aeronáutica.
Vítor Suarez Cunha saiu do CTI (Centro de Terapia Intensiva) na última segunda-feira (6) e foi para um quarto particular do Hospital Santa Maria Madalena, na Ilha do Governador, na zona norte do Rio de Janeiro. A informação foi confirmada pela mãe do jovem, Regina Celi Fusco Suarez, 49 anos, nesta terça-feira (7).
Segundo ela, o filho tem sentido muita dor, mas passa bem e está lúcido.
Vítor foi espancado por cinco pessoas na quinta-feira passada (2) ao tentar defender um mendigo que estava sendo agredido pelo grupo na Ilha do Governador.
Agentes da Delegacia da Ilha do Governador (37ª DP) ainda procuram dois rapazes suspeitos de espancar o estudante.
Felipe Melo dos Santos, o Geminha, e Edson Luís Júnior, o Flin, tiveram a prisão temporária decretada pela Justiça, ainda na última segunda-feira (6). Felipe chegou a ser levado para a 37ª DP, onde prestou depoimento, mas não ficou preso porque o pedido de prisão ainda não havia sido aceito pela Justiça.
Já Júnior Flin está desaparecido desde o dia do crime. Rafael Zanini Maiolino se apresentou à polícia na segunda-feira pela manhã. Ele foi o terceiro jovem envolvido no caso que foi preso e levado à Polinter. Segundo o delegado, o rapaz não participou da agressão ao estudante, mas impediu que ele fosse socorrido pelo amigo que testemunhou o espancamento. Todos deverão responder por tentativa de homicídio.
Na noite de segunda-feira, o morador de rua que também foi agredido pelo grupo esteve na delegacia. Identificado como João Araújo Teles, de 47 anos, ele falou para o delegado que não se lembra do que aconteceu no dia da agressão porque estava embriagado.
Entenda o caso
Vítor Suarez Cunha, de 21 anos, foi espancado no último dia 2 ao intervir em uma agressão a um morador de rua. Ele permanece internado no Hospital Santa Maria Madalena, na Ilha.
O rapaz passou por uma cirurgia de reconstrução da face, que durou quatro horas, no sábado (4). Ele está bem e seu estado de saúde é considerado estável.
De acordo com o hospital, foi preciso implantar oito placas de titânio na testa e no céu da boca da vítima, assim como 63 parafusos, enxerto e três membranas protetoras, entre outros. Ainda não se sabe se o jovem ficará com sequelas.
O crime aconteceu na praça Jerusalém, no Jardim Guanabara, área de classe média alta na Ilha. O pai de um dos agressores, que não quis se identificar, disse que a família também está sofrendo.
- Ninguém cria um filho para ser agressor ou agredido. O sofrimento é de todo mundo.
De acordo com o irmão de Vítor, Vinícius Suarez Cunha, de 28 anos, o morador de rua teria passado mal pouco antes das agressões. Ele foi socorrido por uma ambulância do Samu (Serviço de Atendimento Móvel de Urgência), que o deixou no mesmo local após o atendimento. Ele teria voltado a se sentir mal e deitou na praça.
- A minha mãe é assistente social e trabalha na prefeitura. Ela está acostumada a lidar com pessoas em situação de rua e a nossa família está acostumada a esse universo. Meu irmão sabe das dificuldades pelas quais essas pessoas passam. Ele só quis impedir a agressão e agora está com o rosto deformado. Esse tipo de situação acontece com frequência aqui na Ilha, mas pelo poder aquisitivo, nunca acontece nada porque as famílias pagam bons advogados. Não queremos que esse caso fique impune.
Todos os suspeitos são jovens de classe média alta. Os socos e chutes contra o estudante só pararam depois que o amigo dele se jogou sobre ele para impedir o espancamento. Vítor ficou desacordado. Um dos agressores tentou justificar o ataque ao morador de rua e teria falado que, pela manhã, o pai dele iria fazer uma caminhada pelo local e que não queria passar por um mendigo no caminho.
R7/montedo.com