PAULO RICARDO DA ROCHA PAIVA*
No Ministério da Defesa, com Celso Amorim, os militares estão pisando em ovos e assimilam mal o diplomata que, na contramão do que pregava seu patrono, o insigne Barão do Rio Branco, ratificou na ONU os termos da Declaração Universal dos Direitos dos Povos Indígenas, abrindo a guarda para o amadurecimento do processo de “kozovonização” do território nacional. O chanceler às avessas, coadjuvado pela visão prospectiva míope do Supremo Tribunal Federal, simplesmente despertou para a secessão cantões estratégicos contíguos à faixa de fronteiras como a Reserva Raposa Serra do Sol, cuja cobiça pelo Reino Unido já vem sendo denunciada e até insinuada sem rodeios pelo grande predador militar britânico.
O Exército vê com muita preocupação aquela rica região habitada, agora, tão somente por “povos indígenas” que, de pronto, poderão ser mobilizados por forças especiais alienígenas em guerrilhas de viés separatista. Segundo o “boletim das baias”, aquele arauto corrente no nível do escalão “Sargento Tainha”, sua excelência não estaria nem aí para a vulnerabilidade admitida posto que, antes do reequipamento das nossas desarmadas forças, estaria muito mais preocupado em retirar as instalações militares da Esplanada dos Ministérios e transferi-las para o setor militar urbano da capital federal, pois não aguentaria mais o “griteiro” dos probos políticos, como sempre ridiculamente ressabiados com a proximidade de casernas junto ao Congresso Nacional.
Enquanto isto, na Comissão de Relações Exteriores e Defesa Nacional, presidindo a própria, Fernando Collor está duro de engolir. Sua passagem fugaz pela suprema magistratura do país despejou pá de cal na aspiração que tinham as nossas desarmadas forças de se tornarem fortes a ponto de fazerem o inimigo desistir da luta. Sua adesão ao desarmamento e controle de armas nucleares, apesar de todos os alertas contrários da assessoria militar, condenou a juventude amazonense incorporada anualmente no Exército Brasileiro ao suplício tirânico do adestramento diuturno no combate em selva. Como se não bastasse ainda, a sua irresponsabilidade, sem nenhuma dose de escrúpulo, permitiu a concessão do descomunal “Kozovo yanomamy”.
Todos os desatinos somados, que se diga, em um país sério levariam a contraindicar esses senhores para cargos de tamanha relevância estratégica. Mas, em se tratando de Brasil, por que não?
*Coronel de Infantaria e Estado-Maior
Diário de Santa Maria/montedo.com