Foto: Tereza Sobreira |
Durante dois dias, os futuros comandantes de efetivos militares brasileiros no Haiti receberam orientações, na sede do Ministério da Defesa (MD), acerca das rotinas da Minustah, a missão de paz da Organização das Nações Unidas (ONU) naquele país. O evento faz parte da preparação para o revezamento do 16º para o 17º contingente brasileiro.
Desde quarta-feira (25), os cerca de 40 militares do Estado-Maior das Forças Armadas assistiram a palestras sobre a conjuntura atual do país caribenho, aspectos sanitários da tropa e estrutura logística da Minustah, entre outras. Os oficiais participantes do encontro integram o 17º contingente, que embarca em novembro deste ano e tem retorno previsto para maio de 2013.
Na abertura, o subchefe de Logística Operacional do MD, contra-almirante Jorge Armando Nery Soares, destacou a importância de se participar da missão na vida profissional de cada um. Cumprimentando individualmente os participantes, o militar enfatizou, também, o compromisso do ministério em atuar como facilitador na preparação dos novos chefes.
Quinta-feira, os comandantes também foram recebidos pelo ministro da Defesa, Celso Amorim, que desejou sorte aos oficiais e destacou que os militares da missão estão representando, primeiramente, a imagem do Brasil.
Atividades
Na primeira palestra da reunião, o almirante Armando abordou a importância da missão no Haiti. “O governo do Brasil investe muito para que a execução do trabalho de vocês seja exitoso.” Para ele, o emprego das três Forças na operação contribui para aumentar a efetividade da presença brasileira na missão.
O oficial apresentou, ainda, a estrutura do ministério e dos órgãos internos responsáveis pelas operações internacionais, expôs dados sobre as características do país caribenho e explicou as principais dificuldades do trabalho, como “o desafio de harmonizar o convívio entre os militares da missão no período”.
Na manhã desta quinta-feira, representantes do Ministério das Relações Exteriores (MRE) abordaram os objetivos da política externa brasileira no Haiti. Sobre isso, o diretor do Departamento da América Central e Caribe do MRE, Nelson Tabajara, disse que “o Brasil tem sido fonte de identificação em muitas coisas para o Haiti”. As iniciativas brasileiras do “Fome Zero” e do “Programa Nacional de Alimentação Escolar (Pnae)” foram citadas como alguns dos modelos de inspiração para o país caribenho.
Também do Itamaraty, a diretora do Departamento de Organismos Internacionais, Glivânia Coimbra, elogiou a publicação do Livro Branco pelo Ministério da Defesa. “Ali, estão os elementos essenciais do tema.” Especificamente sobre a Minustah, a diretora defendeu que não é possível retirar as tropas brasileiras do Haiti “de forma prematura”. “Não queremos nos eternizar, mas temos que deixar um legado de sustentabilidade.”
Como parte das atividades da programação do evento, os presentes assistiram a videoconferência, onde fizeram um primeiro contato com o 16° contingente que se encontra no Haiti.
Rodízio
A troca de efetivo militar no Haiti acontece a cada seis meses, atendendo a determinação da Organização das Nações Unidas (ONU). As providências para o rodízio nos contingentes incluem 141 passos, do início do preparo das tropas à passagem de comando.
No 1º Batalhão de Infantaria de Força de Paz (Brabatt 1) quem vai assumir o comando será o coronel Rogério Franco Rozas. Seu batalhão conta com 810 militares brasileiros das três Forças, além de oficiais do Paraguai e da Bolívia ou Peru (a cada troca de contingente, há um rodízio entre os dois países).
No 2º Batalhão de Infantaria de Força de Paz (Brabatt 2), o novo comandante será o coronel Sinval dos Reis Leite. O militar vai chefiar 850 brasileiros das três Forças.
Quem ficará à frente da Companhia de Engenharia de Força de Paz Haiti (Braengcoy) será o tenente-coronel Francisco Alexandre do Couto da Paixão. Sob seu comando estarão 250 militares do Exército Brasileiro.
Minustah
Desde 2004, a Minustah é coordenada por brasileiros. O objetivo da missão de paz é criar e garantir um ambiente seguro e estável para permitir a reconstrução das instituições que fundamentam o estado haitiano. Atualmente, cerca de 1.900 militares da Marinha, Exército e Aeronáutica atuam no país.
O Haiti tem população estimada em 8,3 milhões de habitantes, dos quais 80% vivem em estado de pobreza absoluta. O país enfrenta problemas como carência de serviços públicos, elevada dívida externa e altos índices de analfabetismo.
DefesaNet/montedo.com